Protestos | Indonésia: Tempestade contra privilégios parlamentares
Um prédio do parlamento em chamas, manifestantes furiosos: a Indonésia está vivenciando uma das ondas de protestos mais graves dos últimos anos. A agitação está representando o primeiro grande teste para o presidente Prabowo Subianto, poucos meses após assumir o cargo. Subianto cancelou sua viagem à China, planejada para esta semana. Devido aos protestos, que já incendiaram vários parlamentos regionais, o governo declarou que o presidente deve permanecer no país.
As manifestações atuais começaram na última segunda-feira, após a revelação de que todos os 580 membros do parlamento recebem um auxílio-moradia mensal de 50 milhões de rupias (cerca de € 2.600), além de seus salários – quase dez vezes o salário mínimo em Jacarta. Para muitos indonésios, isso é reflexo de uma elite política desligada das preocupações da população em tempos de alto custo de vida.
Os guardas da aldeia devem garantir a pazEm Bali, as autoridades mobilizaram guardas tradicionais da vila, os chamados "Pecalang", para garantir a segurança e a ordem após os violentos tumultos na capital da ilha, Denpasar, no fim de semana, informou a agência de notícias estatal Antara.
Os guardas desarmados da vila, profundamente enraizados na cultura de Bali e extremamente respeitados, devem auxiliar outros serviços de emergência na proteção da paz e na proteção da indústria do turismo, vital para Bali, contra novas perturbações. Eles são considerados uma autoridade moral, porém não violenta.
Veículo policial mata jovemEm Bali, uma morte trágica ocorreu. Um homem de 21 anos foi atropelado e morto por um veículo blindado da polícia. Ele supostamente entregava comida quando se envolveu nos confrontos. Testemunhas relataram que o veículo acelerou repentinamente no meio da multidão e o atingiu sem parar. Sua morte inflamou a situação já tensa e transformou os protestos em um símbolo de violência estatal e governo arbitrário.
"Fiquei chocado e decepcionado com as ações excessivas dos policiais", disse o Presidente Subianto posteriormente em um discurso televisionado. "Estou profundamente preocupado e profundamente triste com este incidente." Ele anunciou uma investigação completa e pediu à população que mantivesse a calma. A agitação que se seguiu, na qual três pessoas morreram, foi desencadeada por um vídeo do incidente que circulou nas redes sociais.
A resistência contra o governo não é inteiramente nova. Nas últimas semanas, veículos de comunicação noticiaram um símbolo incomum de protesto, destinado a expressar o descontentamento dos jovens em particular: a bandeira "Jolly Roger", da série de anime japonesa One Piece, aparecia cada vez mais frequentemente em muros de prédios em Jacarta. Os jovens compartilharam o motivo nas redes sociais com a hashtag #IndonesiaGelap ("Indonésia Sombria"). Para muitos, era uma expressão de profunda frustração.
O presidente Subiano é altamente controversoO próprio presidente Subianto é uma figura altamente controversa: como genro de Suharto e ex-general, ele foi expulso do exército em 1998 por violações de direitos humanos, a Austrália o colocou temporariamente na lista negra e os Estados Unidos impuseram uma proibição de viagens.
Particularmente controverso é o projeto de seu governo para uma "nova historiografia nacional". Críticos temem que ele minimize ou oculte eventos importantes, como os assassinatos em massa de 1965 a 1969. Durante esse período, aproximadamente um milhão de pessoas foram mortas no país, frequentemente com machados e porretes. O assassinato em massa anticomunista apoiado pelo governo americano recebe pouca atenção hoje. Andreas Harsono, da Human Rights Watch, por exemplo, expressou "grave preocupação" com a possibilidade de as violações de direitos humanos desaparecerem da memória coletiva. Historiadores alertaram para um perigoso retorno a uma narrativa da história controlada pelo Estado, semelhante à de Suharto.
Para o presidente Subianto, a escalada dos protestos é agora um sinal de alerta precoce. Mostra que muitos indonésios não estão mais dispostos a aceitar silenciosamente a má gestão, a corrupção e a violência estatal.
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