Alan Shearer completa 55 anos: Um atirador profissional


Ninguém marcou mais gols na década de 1990 — e ninguém comemorou com mais naturalidade — do que Alan Shearer. Ele completa 55 anos hoje.
O fato de Alan Shearer ser um jogador de futebol de outra época fica evidente na maneira como ele comemorou a maioria dos seus incontáveis gols. Embora hoje em dia às vezes sejam encenadas apresentações teatrais inteiras, Shearer simplesmente abriu um largo sorriso e ergueu o braço direito casualmente, como se dissesse: "Ei, eu fiz isso, mas, por favor, não faça alarde. É o meu trabalho, de nada." Algo assim.
O fato é que Shearer fez seu trabalho excepcionalmente bem, seja no Southampton, Blackburn, Newcastle ou na seleção inglesa. Não é incomum que atacantes tenham alguns bons anos em que se destacam em quase tudo. Mas, para alguém marcar com tanta regularidade ao longo de quase vinte anos, a ponto de ter uma média de quase 25 gols em uma temporada competitiva ao longo da carreira, é algo que só vimos com jogadores do calibre de Gerd Müller ou Robert Lewandowski. Não é de se admirar, portanto, que Shearer continue sendo o maior artilheiro da Premier League, com 260 gols.
O jovem Alan Shearer nem sequer era um centroavante de verdade. Na juventude, sentia-se mais à vontade no meio-campo e, mesmo como calouro da primeira divisão no Southampton, atuava como uma espécie de falso nove (embora o termo não existisse na época), abrindo caminho e criando espaço para os outros dois atacantes, Rod Wallace e Matt Le Tissier, aproveitarem. Mas, com sua transferência para o Blackburn Rovers em 1992, tornou-se um atacante titular.
Embora Shearer possa ser lembrado hoje principalmente como uma lenda do Newcastle, ele nunca esteve tão bem quanto no Blackburn. Após ser prejudicado por uma lesão no tornozelo em seu primeiro ano, ele marcou incríveis 87 gols nas três temporadas seguintes, arrasando os adversários com seu simpático companheiro de ataque, Chris Sutton. Isso levou o Rovers, time da decadente cidade industrial de Blackburn, a se tornar campeão inglês em 1995. Um título cujo potencial romântico para o futebol é limitado, no entanto, visto que o clube foi extremamente generosamente financiado na época pelo magnata do aço local, Jack Walker.
Alan Shearer, por sua vez, já havia se tornado parte integrante da seleção inglesa há muito tempo. Quando se deparou com uma certa falta de gols em partidas internacionais, na preparação para a Eurocopa de 1996, em casa, isso quase levou a uma crise nacional. No torneio em si, porém, o atacante teve sua habitual atuação confiável, terminando como artilheiro com cinco gols. No entanto, ele não conseguiu evitar que o conto de fadas do verão inglês terminasse bem. Shearer também fez tudo o que podia na semifinal contra a Alemanha: primeiro, colocou a Inglaterra na frente e, depois, converteu com confiança o primeiro pênalti na disputa por pênaltis. Até Gareth Southgate estragar tudo.
No caso de Shearer, já estava claro há muito tempo que o Blackburn Rovers não poderia mais mantê-lo. Não faltaram ofertas, mas a esposa de Shearer, que era caseira, se opôs a uma transferência para Barcelona ou Turim, e uma transferência para o Manchester United foi bloqueada pelo dono do clube, Jack Walker, que preferia se matar a ver seu atacante favorito vestir a camisa do odiado gigante do bairro. E como Shearer via Walker como uma espécie de figura paterna, ele cedeu e se transferiu para o Newcastle United.
A transferência sensacional do verão de 1996 teve aspectos diversos, às vezes contraditórios. Por um lado, fez de Shearer o jogador mais caro do mundo na época, com uma taxa de transferência de aproximadamente 15 milhões de libras – quase inimaginável considerando o valor atual. Por outro lado, o atacante, nascido em uma família da classe trabalhadora de Newcastle, transferiu-se para o seu clube favorito de infância. O Manchester United, no entanto, contratou Ole Gunnar Solksjaer em vez de Shearer, e (com os melhores cumprimentos ao FC Bayern) não deu tudo errado.
Alan Shearer jogou pelo Newcastle por mais dez anos, durante os quais não conquistou nenhum título, mas se tornou um ícone do clube. Quando encerrou a carreira de jogador em 2006, com quase 36 anos, descartou as especulações de que logo se tornaria técnico ou diretor esportivo, enfatizando que queria "aproveitar a vida primeiro". Shearer mantém essa filosofia até hoje – exceto por uma breve e malsucedida tentativa de salvar o Newcastle United do rebaixamento como técnico. No entanto, ele trabalhou como comentarista do clássico "Match of the Day" da BBC por muitos anos.
Este jogador de futebol de uma era não tão distante, mas irrevogavelmente passada, aliás, não se destaca como um crítico do futebol moderno. Pouco antes de se juntar ao clube, ele criticou a Premier League por bloquear a venda do Newcastle United para um membro da família real saudita, negando assim ao seu antigo clube um possível retorno à Liga dos Campeões.
Ah, Alan, mesmo que seja só porque hoje é seu aniversário: deixa pra lá. Feliz 55º aniversário! Seus objetivos serão eternos. E aquela comemoração escandalosamente casual também, é claro.
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