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Arsenal-Barça: Onde a revolução começou

Arsenal-Barça: Onde a revolução começou

A história do futebol feminino do Barça está cheia de reviravoltas que permitiram que a equipe blaugrana fosse pioneira em quebrar barreiras. Uma dessas primeiras reviravoltas aconteceu há 13 anos, em 2012. Aquele Barça, que treinava à noite quando terminava os treinos, que tinha que levar as camisas para casa para lavá-las, que comia sanduíches nos ônibus que os transportavam por toda a Espanha e que tinha uma comissão técnica composta por duas pessoas, ganhou uma Liga e o direito de participar da Liga dos Campeões pela primeira vez em sua história.

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O primeiro rival foi o Arsenal. "O time está realmente ansioso para estrear e fazer história na Liga dos Campeões Feminina", disse uma jovem Alexia na época. O atual capitão e único jogador remanescente daquele time, jogava na ponta esquerda aos 18 anos. “Tudo te leva a quem você realmente é agora. Naquela primeira partida, tudo o que veio depois era impensável. A mudança e a evolução são incríveis. Sinto-me privilegiada por ter podido desfrutar desta jornada”, refletiu Alexia ontem.

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Alexia Putellas ontem em Alvalade

Violeta Santos Moura/Reuters

Porque hoje, 13 anos depois, o Arsenal será novamente o rival do Barça. Mas não em uma rodada de dezesseis. Será em Lisboa, na sexta final europeia de um Barça capitaneado por Alexia e com três títulos europeus na sua sala de troféus. Agora o Barça é o rival a ser batido.

Arsenal 7- Barça 0 A história de 2012

O completo oposto de 2012. O time inglês, que já era profissional, goleou o time do Barcelona, ​​ainda muito amador, pelo placar agregado de 7 a 0. Ninguém ficou surpreso. O Arsenal já havia conquistado um título da Liga dos Campeões em 2007. Este também foi o último até então. Mas o Barça conspirou. E depois da derrota, conseguiram as primeiras melhorias que Xavi Llorens, seu treinador, e as jogadoras daquela equipe, Marta Corredera, Olga Garcia, Laura Ràfols, Marta Unzué e Esther Sullastres, descrevem nesta reportagem.

Elenco do Barcelona de 2012 no gramado de Londres para a segunda partida das oitavas de final contra o Arsenal

Elenco do Barcelona de 2012 no gramado de Londres para a segunda partida das oitavas de final contra o Arsenal

Fornecido por Olga Garcia

"Tudo mudou muito. Vivi o confronto contra o Arsenal como uma celebração. Em 2012, foi o sonho dos jogadores espanhóis: jogar a Liga dos Campeões", lembra Xavi Llorens, técnico que comandou o Barcelona por impressionantes 11 temporadas. "No fim das contas, o Barça era como um doce para todos. Agora, ninguém o quer", reflete Olga Garcia, outra atacante histórica do clube. “Talvez tenha chegado um pouco cedo, dado o nível de rendimento na Europa e o nosso, mas também serviu como um objetivo de melhoria”, reconhece Marta Unzué, uma das defensoras daquele Barça, agora no Athletic Club.

Naquela época, o Barça era o queridinho de todos, mas agora é o oposto." Olga Garcia

A primeira partida da história europeia foi disputada no Miniestadi. O Barça sofreu três gols e não marcou nenhum. "Lembro que havia, não sei se 1.500 pessoas, o que já era muito para nós. E víamos aqueles jogadores enormes. Éramos muito pequenos, fisicamente fracos", lembra Marta Corredera, atacante que marcou o primeiro gol europeu do Barça contra o Brøndby, da Dinamarca, no ano seguinte e que mais tarde jogou pelo Arsenal.

A partida de 2012 aconteceu mais cedo devido ao nível de competição na Europa, mas serviu para melhorar.” Marta Unzué

Xavi Llorens queria que todos os jogadores aproveitassem a experiência e todos desempenharam um papel de liderança. O gol do Mini foi defendido por Esther Sullastres, agora no Sevilla . “Havia entusiasmo, mas também impotência diante da distância. Naquele ano, na pré-temporada, jogamos dois amistosos: um contra o Eintracht Frankfurt, que perdemos por 8 a 1, e outro contra o Olympique Lyonnais, que também perdemos por 3 a 0. E, claro, você sai desses jogos se sentindo muito inferior, sabendo que está longe”, lembra ele.

Eles continuaram atirando em mim e eu pensei... Meu Deus, que aviões! Laura Ràfols

Em Londres, Laura Ràfols foi a goleira e sofreu quatro gols. "Havia tanta gente torcendo no que hoje é o Meadow Park. Lembro-me deles me chutando sem parar, e pensei... Meu Deus, que maravilha. Queremos estar aqui um dia." Porque o Barça foi pego de surpresa por aquele jogo contra o Arsenal, em parte devido à falta de informação e recursos em um setor que só era profissional em 2015. "Em Londres, lembro que, como tínhamos que ir para o hotel e ele ficava muito longe do estádio, comíamos sanduíches ao lado do ônibus. Os nossos estavam vazios e os outros se preparavam para o próximo jogo", diz Llorens.

Foi em Londres que começámos a dizer que tínhamos de fazer melhorias.” Marta Corredera

“A maioria dos jogadores trabalhava ou tinha que estudar, porque o futebol não era um futuro. Pelo menos, não esperávamos que fosse tão cedo. Eu tinha 19 anos. Estudava Ciência e Tecnologia de Alimentos na Universidade Autônoma de Valência (CTA). Eu acordava às 6 da manhã e voltava para casa à noite, depois do treino”, lembra Sullastres. Ráfols, estudante de fisioterapia, lembra que naquela época "havia apenas um profissional para todas as seções femininas do clube".

Havia esperança, mas você também se sentia impotente ao ver os recursos que eles tinham.” Ester Sullastres

“E foi aí que começamos a dizer: ‘Se quisermos viver como eles, se quisermos ser profissionais, temos que vencer e ganhar reconhecimento’”, diz Corredera. “Chegaram novas contratações e começamos a poder treinar à noite, mas mais cedo, não às 21h30. E começaram a entregar os equipamentos lá; não precisávamos nos preocupar se tínhamos esquecido algo em casa”, conta Olga Garcia.

Todos concordam com o profissionalismo de Alexia, que se reunirá com a outra capitã do Arsenal, Kim Little, que também esteve presente nas partidas de 2012. O nativo de Mollet teve que lidar com o ponta, que fará 35 anos em junho.

lavanguardia

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