"Mais que palavras", o curta-metragem que busca abrir um diálogo para prevenir o suicídio na população LGBTQ+.

O suicídio é uma questão de saúde pública raramente discutida. Ela está ceifando um número cada vez maior de vidas em nossa sociedade, conforme revelado pela Pesquisa de Saúde Mental de Jovens LGBTQ+ de 2024 do Projeto Trevor, onde mais da metade dos entrevistados — 53% dos jovens LGBT — considerou suicídio.
Isso representa mais da metade da população e suas razões são variadas: 4 em cada 5 dizem que sua tentativa está relacionada à rejeição familiar, violência ou discriminação; 3 em cada 5 com problemas na escola devido à discriminação; e após uma tentativa de suicídio, 58% relataram não ter contado a ninguém sobre essa tentativa. Dos detectados, apenas 16% frequentaram terapia, apenas 15% receberam apoio de pessoas próximas; 11% receberam atendimento psiquiátrico e 10% relataram ter sido ignorados pelas autoridades ao compartilhar seu caso.
“No México, falamos muito pouco sobre esses temas, há muito pouca visibilidade e informação, apesar de isso acontecer todos os dias”, afirma Rodrigo Moheno, presidente da Federação Mexicana de Educação Sexual e Sexologia (FEMESS), que, no âmbito do Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia, Lesbofobia e Bifobia, que se celebra a 17 de maio, apresentou a curta-metragem “Mais que Palavras”, que procura abrir um diálogo necessário sobre a prevenção do suicídio.
Compartilhando mais dados, Moheno disse que, de acordo com dados do INEGI (ENDISEG 2021), 28,7% das pessoas LGBTQI+ com 15 anos ou mais tiveram pensamentos ou tentativas de suicídio ao longo da vida; Entre as causas estão problemas familiares e de relacionamento (57,2%), problemas na escola (20,3%), problemas de saúde (9,1%), problemas econômicos (16,6%), problemas devido à orientação sexual ou identidade de gênero (14,0%) e problemas de trabalho (7,0%).
"Esses números vão além das estatísticas. São pessoas com nomes e sobrenomes, com mães e pais. Por isso, ressaltam a importância de criar locais seguros e acolhedores, bem como a necessidade de estratégias eficazes de prevenção ao suicídio, para encontrar apoio em tempo hábil e abordar essas circunstâncias de forma específica", disse ele.
Sobre o documentárioMoheno explica que este documentário nos convida a refletir sobre as histórias reais por trás das estatísticas, "pessoas que merecem viver, receber apoio e compreensão, e um mundo mais inclusivo. Com esta campanha, buscamos dar voz e fornecer ferramentas e recursos de vida para aqueles que precisam, gerando uma reflexão profunda em nossas casas sobre o que podemos fazer."
Instituições relevantes como El Armario Abierto, Gilead Sciences México, Fundo de População das Nações Unidas, Associação Mundial para a Saúde Sexual, Catatonia, Grey, Fundação México Vivo, Embaixada da Espanha no México, Associação Internacional de Famílias pela Diversidade Sexual (FEMESS) e The Trevor Project, bem como a Comissão de Diversidade da Câmara dos Deputados, se uniram a esse esforço.
Ele acrescentou que Gerard Mates, criador do curta-metragem, colocou seus talentos em prática para criar esta peça, que aborda o tópico de uma perspectiva nunca vista antes. “A arte, com sua graça, nos permite abordá-la, compreendê-la, assimilá-la, refletir sobre ela e nos ativar.”
Foto: Cortesia
Por sua vez, o próprio Gerard Mates partilhou em conferência de imprensa que "como todos sabemos, vivemos tempos turbulentos, onde o ódio é mais prevalente", e este tipo de campanhas são essenciais, "porque há uma rejeição crescente daqueles que não se enquadram nesses moldes mais conservadores, este ódio encurrala-nos e coloca-nos sempre contra as cordas, é um ódio latente que vemos e que cresce dia após dia".
Ele acrescenta que foi nesse ambiente hostil que pensaram em uma campanha coletiva, "havia urgência, porque cada vez mais conhecemos algum amigo, conhecido ou parente que tentou suicídio, embora aconteça todos os dias, muito pouco se fala sobre isso e por isso era agora ou nunca usar as forças e dar visibilidade ao assunto, falar dos problemas e alcançar mais pessoas".
Ele explicou que este texto de dois minutos e meio é voltado principalmente para pessoas de fora da comunidade, "aquelas pessoas que estão um pouco alienadas do problema, e para abordar esse grupo específico, não queríamos ser alarmistas ou sensacionalistas. Queríamos encontrar uma maneira de falar sobre a vida cotidiana, sobre todos, e, em última análise, aproximá-los dessa questão."
A maneira como falamos no dia a dia foi a base para criar a campanha e impactar o público. A história enuncia e convida à compreensão, à empatia, ao diálogo e à ação, para que "os de fora olhem para dentro, e os de dentro não estejam sozinhos", conclui.
Sobre o curta-metragemO lançamento será público no dia 17 de maio, Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia, Lesbofobia e Bifobia.
Para compartilhar o chamado à ação, foram apresentadas as hashtags #ElPoderDeLasComunidades #IDAHOBIT2025 #Másquepalabras, além de visitar https://www.facebook.com/femess.mx e www.youtube.com/@fundacionemexicovivo6755
A campanha termina com dois recursos de vida gratuitos para toda a população: um é um canal de atendimento especializado em suicídio e o outro é um espaço de bate-papo 24 horas por dia, 7 dias por semana, sobre questões de saúde totalmente confidenciais.
Eleconomista