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'Paper Wars' coloca grandes empresas do setor umas contra as outras: Carvajal vs. Scribe, Inapel e outras

'Paper Wars' coloca grandes empresas do setor umas contra as outras: Carvajal vs. Scribe, Inapel e outras
O fechamento da fábrica da Propal em Yumbo (Valle del Cauca), filial do Grupo Carvajal, anunciado no início de abril deste ano, além do impacto social pela perda de empregos e do impacto nos fornecedores e comerciantes da região, evidenciou uma forte disputa que já vinha se formando há algum tempo entre grandes empresas do setor papeleiro do país, como Carvajal, Scribe e Industria Nacional Papelera (Inapel), entre outras, que buscam ganhar maior espaço em um setor cada vez mais competitivo e difícil.
Essa "guerra" não esteve isenta de acusações e alegações de possível manipulação de informações, importações anticompetitivas, restrições à venda de algumas matérias-primas a alguns participantes do mercado e até mesmo pedidos às autoridades para impor medidas antidumping sobre compras estrangeiras de papel-moeda e fotocópias, especialmente aquelas feitas no Brasil.
"A Carvajal pretende dominar todo o mercado de papel na Colômbia, eliminando da concorrência o papel importado ", disseram porta-vozes da Soluciones MAF, da empresa Scribe e da Indústria Nacional de Papel (Inapel) em um comunicado conjunto. Eles também acusam o grupo sediado no Vale do Cauca de lançar "uma campanha de mídia com o objetivo de desinformar o público".
Eles alegam que, com essa estratégia, Carvajal está sugerindo que o suposto dumping nas importações de papel do Brasil e o fato de o ministério ainda não ter adotado direitos antidumping foram a causa do fechamento da fábrica de Yumbo da Propal em 11 de abril, quando, na realidade, a subsidiária não produzia papel bond, mas sim papelão.

A usina Propal em Yumbo (Valle del Cauca) estava em operação até 11 de abril. Foto: Cortesia da Propal

Em resposta a essa denúncia, os responsáveis ​​de Carvajal salientam que a sua fábrica de Yumbo produzia cartão, esmalte, Earthpact e papel sulfite, algo que continua a ser feito na fábrica de Guachené, com prioridade para a produção de papel para fotocópias.
E quanto ao pedido de adoção de medidas antidumping sobre o papel para fotocópias, seu objetivo é eliminar o dumping injusto que vem sendo gerado no Brasil pela venda a preços considerados "artificialmente baixos", para competir de forma transparente e igualitária no mercado colombiano.
"A Propal tem capacidade de competir no mercado colombiano, desde que o faça em condições justas e não por meio de práticas anticompetitivas, como acreditamos estar ocorrendo", comentaram. Isso deve ser determinado pela autoridade de mercado com base nas evidências fornecidas.
A disputa
Como vocês devem se lembrar, os executivos da Carvajal informaram à Superintendência Financeira que o fechamento por tempo indeterminado de sua fábrica em Yumbo foi consequência direta de " perdas operacionais devidas principalmente à situação de mercado, resultantes de preços de produtos importados que consideramos artificialmente baixos e que classificamos como práticas anticompetitivas realizadas por alguns produtores internacionais, bem como dificuldades de fornecimento".
Desde o ano passado (Resolução 205 de 16 de julho de 2024), o Ministério da Indústria, Comércio e Turismo (MinCit) iniciou uma investigação para apurar “a existência, o grau e os efeitos na indústria nacional de suposto dumping nas importações de papel para fotocópia originário do Brasil”.
Entretanto, as empresas reclamantes ressaltam que as autoridades não poderiam impor direitos antidumping, uma vez que estes foram solicitados pela empresa de comercialização de Carvajal e não pela produtora de papel, conforme exigido por lei.
Mas, além de qualquer decisão que o Ministério da Função Pública possa tomar, os empresários temem que, se certas medidas forem impostas, eles possam ficar sem matéria-prima porque Carvajal não quer vender para eles, preferindo exportar sua produção de papel.

Carvajal destaca que continua produzindo papel para fotocópia em sua fábrica em Guachené, Cauca. Foto: Cortesia da Propal

Fornecimento de papel
Na comunicação conjunta, as empresas afetadas também argumentam que a Carvajal decidiu não atender a um segmento de mercado coberto pela Smurfit Kappa (hoje Smurfit Westrock), que parou de produzir papel bond, além de se recusar a fornecer papel aos maiores concorrentes de seus próprios distribuidores.
Isso também é negado por Carvajal, que afirma que a empresa "vende para todos os participantes do mercado e não há discriminação nesse sentido". Embora reconheçam que estão exportando mais porque, diante dos baixos preços dos produtos brasileiros, os compradores colombianos estão optando por eles, obrigando a empresa a buscar mercados alternativos.
As figuras
Dados da Câmara da Indústria de Celulose, Papel e Papelão da Associação Nacional de Empresários (Andi) indicam que o consumo de papel e papelão na Colômbia aumentou 7,9% no ano passado, para 1,7 milhão de toneladas.

Isabel Cristina Riveros, diretora da Câmara da Indústria de Celulose, Papel e Papelão da Andi. Foto: Andi

Isabel Cristina Riveros Pineda, diretora da Câmara, em artigo recente sobre o desempenho desta indústria, publicado na edição 288 (abril) da revista especializada, destacou que essa dinâmica se deve ao aumento de 10,2% na demanda por papel para embalagens, bem como à dinâmica das atividades de impressão, que aumentou em 11,9% a compra de papel para imprimir e escrever.
No mesmo documento, o especialista revela ainda que a produção nacional se aproximou de 1,3 milhão de toneladas, 5,2% a mais que a registrada em 2023. E que enquanto a produção nacional abastecia 81% do consumo nacional naquele mesmo ano, em 2024 essa participação caiu para 76% "devido a um aumento de 25% nas importações, o que levou a que os excedentes da produção nacional fossem destinados à exportação, motivando um aumento de 13% nas exportações em relação ao ano anterior".
Outro dado importante do diretor da Câmara diz respeito à recuperação da demanda por papel bond no ano passado, que atingiu 352 mil toneladas. Isso representou um aumento marginal na produção nacional (1%) e contrastou com o aumento para 175.000 toneladas importadas (um aumento de 23%) do Brasil.
Especificamente, dados da Dane de fevereiro passado mostram um forte aumento nas importações de papelão e seus produtos manufaturados do gigante sul-americano desde 2021. De uma compra dessas matérias-primas de cerca de 80 milhões de dólares em 2020, passou para 118,3 milhões um ano depois; 174,3 milhões em 2022 ; 136,4 milhões no ano seguinte e em 2024 essas importações retornaram a níveis próximos a 167 milhões.

Planta de produção de Propal, subsidiária do Grupo Carvajal. Foto: Propal - site

Cadernos escolares
Outro mercado que está preocupado com o que está acontecendo no mercado de papelaria é o de produção de cadernos escolares. Para os executivos da Scribe, a possibilidade de aumento nos preços de importação de papel é a maior ameaça, pois isso — dizem eles — levaria "Carvajal a assumir o controle total do mercado de notebooks na Colômbia, que movimenta 120 milhões de unidades por ano", prejudicando centenas de famílias de baixa renda.
Considerando que 80% do valor de um caderno econômico é papel, qualquer aumento nesse insumo terá um impacto significativo na sustentabilidade da empresa. Além do aumento no custo de um produto de consumo popular ligado à educação, mais de 500 empregos estarão em risco se um monopólio na comercialização de papel for estabelecido pelo aumento do valor do papel importado", observa a empresa.
Em resposta a essas declarações, a direção de Carvajal disse ao EL TIEMPO que isso também não é verdade. Eles dizem que o mercado de notebooks está atualmente muito competitivo com fabricantes e importadores locais.
A situação da Propal não afeta em nada o mercado de notebooks. É importante observar que países como México e Estados Unidos impõem tarifas significativas a esses tipos de produtos, e a concorrência no mercado de notebooks continua. No México, um país com medidas impulsionadas pela indústria nacional, a Carvajal concorre com a Scribe, a fabricante local, e com outras fabricantes nacionais e importadas.
Segundo as empresas que se consideram afetadas pela situação de Carvajal, "trata-se de uma série de decisões comerciais voluntárias e alheias às importações. Tudo isso consta no relatório preliminar elaborado pela Subdiretoria de Práticas Comerciais (SPC) do Ministério do Comércio, Indústria e Turismo", ressaltam.
O EL TIEMPO aguarda o andamento da investigação conduzida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Tecnologia e o pedido de Carvajal para estabelecer medidas antidumping sobre as importações de papel do Brasil.
eltiempo

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