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Ebrard litiga, México perde

Ebrard litiga, México perde

Ontem, a Suprema Corte dos EUA rejeitou por unanimidade a ação judicial movida pelo governo mexicano em 2021 contra oito fabricantes de armas dos EUA. O argumento era claro: a Lei de Proteção ao Comércio Legal de Armas (PLCAA), em vigor desde 2005, que protege os fabricantes de armas dos EUA quando seus produtos funcionam conforme o projetado, mesmo que sejam usados ​​ilegalmente por terceiros.

Avisei desde o início. Em agosto de 2021, escrevi neste espaço que esta ação estava fadada ao fracasso por violar a Lei de Apelações de Apelação (LPAA). Então, em outubro de 2022, quando um juiz federal indeferiu o caso em primeira instância, reiterei: a ação judicial do governo mexicano não tinha fundamento legal e só geraria despesas desnecessárias.

A iniciativa foi promovida pelo então Secretário de Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, que apresentou a ação judicial como "um ato corajoso e inovador". Na realidade, tratava-se de uma estratégia de propaganda que atendia mais às suas aspirações políticas do que ao interesse nacional. Apesar das disposições da PLCAA, Ebrard decidiu litigar por quase quatro anos com o apoio de Andrés Manuel López Obrador.

O resultado era previsível: o processo foi arquivado por falta de fundamento legal. A Suprema Corte se recusou a sequer analisar o mérito do caso. O juiz federal afirmou isso em 2022: embora simpatizasse com o povo mexicano e condenasse o tráfico de armas, era obrigado a aplicar a lei.

O mais irônico é que o problema existe e é sério. De acordo com o Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF) dos EUA, aproximadamente 74% das armas rastreadas no México são originárias daquele país, principalmente do Texas, Arizona e Califórnia. A cada ano, cerca de 200.000 armas de fogo entram ilegalmente no México vindas dos EUA, e as autoridades mexicanas só conseguem recuperar cerca de 20.000.

Desde o início da chamada "guerra ao narcotráfico", em dezembro de 2006, até maio do ano passado, aproximadamente 464.000 homicídios dolosos foram cometidos no México, 73% dos quais com armas de fogo. A magnitude do problema é inegável. O governo da presidente Claudia Sheinbaum relatou um declínio nos homicídios, mas este não é o momento para otimismo prematuro.

Quanto esse empreendimento legal nos custou em honorários advocatícios, custas judiciais, traduções, despesas de viagem e equipe diplomática?

Com esse dinheiro, eles poderiam facilmente ter fortalecido as alfândegas, investido em inteligência de fronteira ou melhorado os controles internos de armas. Mas não. Eles optaram por um espetáculo jurídico, projetado para serem aplaudidos na coletiva de imprensa matinal, não para vencer no tribunal.

O fracasso era evidente desde o início. Os advogados sabiam, os analistas sabiam, eu sabia e qualquer pessoa que tivesse lido a PLCAA sabia. O que AMLO e Ebrard não sabiam — ou se recusaram a aceitar — era que o direito internacional não se curva à retórica política, por mais "corajosa" que se autodenomine. A verdadeira tragédia não é ter perdido um processo que jamais poderia ter sido ganho, mas ter desperdiçado uma oportunidade de exigir seriamente — e não teatralmente — um controle mais efetivo do fluxo de armas dos EUA para o México.

Facebook: Eduardo J Ruiz-Healy

Instagram: ruizhealy

Eleconomista

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