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Espanha busca acesso prioritário ao turismo sustentável na América Latina

Espanha busca acesso prioritário ao turismo sustentável na América Latina

A segunda edição do Fórum Ibero-Americano de Turismo, em Santa Marta, Colômbia, teve uma mensagem clara: "Por um turismo mais humano, resiliente e colaborativo, desde que assumamos a responsabilidade compartilhada". Mais de 600 participantes e centenas de participantes conectados virtualmente foram a essência de um fórum que busca criar alianças entre o setor privado, comunidades e instituições públicas, com foco na governança adequada da ação climática, equidade de gênero e conservação da biodiversidade.

Este encontro, promovido pelo CEIB, FIJE, Procolombia e ONU Turismo, confirmou seu status como uma plataforma fundamental para projetar uma nova visão de um turismo mais sustentável, inclusivo e inteligente . Por exemplo, o Diretor de Inovação, Educação e Investimento da ONU Turismo, Antonio López de Ávila, fez uma apresentação alinhada ao princípio "Pessoas, Planeta e Prosperidade", na qual defendeu a promoção de "governança inteligente que integre comunidades locais, promova o empreendedorismo, a economia circular e melhore a eficiência na gestão de recursos naturais". Uma metodologia que foi replicada com sucesso em dezenas de países, que adaptaram o modelo Smart Destinations aos seus contextos específicos, desde áreas rurais da América Latina até capitais turísticas europeias.

Neste contexto, a Espanha pode contribuir com sua expertise turística para este ambiente de progresso, como destacou Matías Fernández, presidente da FIJE (Federação Ibero-Americana de Jovens Empreendedores), destacando que "o turismo é uma indústria transversal e dinâmica, fundamental para a geração de emprego juvenil e a inovação setorial". Um setor em que os participantes destacaram como a regulamentação excessiva atrapalha os investimentos.

Narciso Casado, secretário permanente do Conselho Empresarial Ibero-Americano (CEIB) e diretor de Relações Ibero-Americanas da CEOE, destaca fatores a serem considerados para participar desta nova era do turismo, no século XXI: "O diagnóstico e as soluções são semelhantes e compartilhados pelos promotores turísticos, como as instituições e grupos que trabalham para o setor e que se reuniram nos dias 14 e 15 de maio. Eu resumiria em vários desafios a serem resolvidos: não pode haver turismo inteligente se ele não for também humano e ético, e seu futuro está no equilíbrio entre o que é compartilhado e o que é protegido; quando o turismo depende de uma única atração, sem planejamento, ele se torna frágil, vulnerável...".

Juan Molas, presidente do Conselho Espanhol de Turismo, destaca o forte ponto de partida para participar desta nova era de conexão: "Ressaltamos os estreitos laços culturais, históricos e econômicos que nos unem a uma região com enorme potencial no setor turístico e que, por ascendência natural, constitui um mercado estratégico para a Espanha, além de compartilhar uma visão comum do turismo como motor do desenvolvimento econômico sustentável."

Molas destaca a importância de aspectos nos quais a Espanha é líder internacional , "como a excelência do seu modelo, a inovação das suas práticas comerciais e a qualidade comprovada dos seus produtos e serviços. Acrescenta-se a gestão integral do destino, a oferta diversificada e o compromisso com a sustentabilidade e a digitalização, "que nos permitem oferecer valor agregado através de uma formação que pode ser replicada com sucesso em muitos países da América Latina".

Expressamos (acrescenta Molas) um firme compromisso com a promoção de iniciativas de capacitação e transferência de conhecimento que nos permitam levar o know-how espanhol aos profissionais e empreendedores do setor turístico da América Latina. Por isso, investiremos, sem dúvida, em programas de capacitação, parcerias público-privadas e projetos de cooperação que promovam talentos locais e fortaleçam a infraestrutura turística de países que veem esse setor como um meio de crescimento econômico.

Mar Ruiz, professora do Global MBA da OBS Business School, recomenda abordar essa área, a da formação, sob uma perspectiva essencial: "O setor sempre foi uma ponte entre culturas e intercâmbios que muitas vezes levam à criação de negócios e interdependências altamente frutíferos para quem se aventura na internacionalização. É sensível a flutuações geopolíticas, ambientais, sociais e monetárias... se nos concentrarmos no turismo emissor, e especificamente no turismo para a América Latina, torna-se especialmente importante entender que a implementação de estratégias deve ser feita a partir de uma perspectiva holística para desenvolver planos de negócios."

Ruiz destaca iniciativas para fomentar novos projetos espanhóis, como "o apoio governamental e os incentivos oferecidos tanto pelos governos regionais quanto pelo governo central por meio dos escritórios do ICEX, da Cesce (Agência Espanhola de Crédito à Exportação) para garantir investimentos no exterior, e das Câmaras de Comércio, que fornecem suporte à internacionalização". E ele destaca exemplos de grande presença em hospitalidade, como Palladium, Globalia, NH e RIU, além do grande evento que é a Fitur, "além da ILTM Latin America em São Paulo, que conecta os principais compradores internacionais de turismo de luxo, ou da IBTM para o segmento MICE (Meeting, Incentives, Conferences and Exhibitions) no México".

A oportunidade de negociar acordos para aumentar os voos diretos e melhorar a conectividade aérea entre a Espanha e os países latino-americanos; Alianças estratégicas com agências de viagens, operadoras de turismo e redes hoteleiras da América Latina para promover pacotes turísticos conjuntos; assim como a capacidade de intercâmbio mútuo em relação ao patrimônio histórico e cultural são outros vetores a serem considerados pelo especialista para promover o desenvolvimento da participação espanhola.

No caso de Juan Carlos Martínez Lázaro, professor de Economia da IE University e diretor do recém-lançado "Panorama do Investimento Espanhol na América Latina" pela mesma instituição, que analisa tendências e expectativas de investimento na América Latina por empresas espanholas, ele destaca como a série histórica de maiores investimentos em países como Cuba, República Dominicana e México continua se mantendo. "Nesse ambiente, acredito que novas oportunidades podem surgir, como no caso da Colômbia, na região de Cartagena das Índias, na região do Caribe. E, de qualquer forma, acredito que uma maior aposta nesses novos destinos é necessária, pois fortalece as receitas da balança de transações correntes."

Fatores como a falta de infraestrutura (na qual a Espanha lidera o ranking mundial), promoção ou fatores como a insegurança dos cidadãos, podem dificultar, na opinião do especialista, um maior desenvolvimento da área, em um lugar do mundo onde gigantes como Argentina ou Brasil têm muito a oferecer ("...sim, o Brasil recebeu seis milhões de turistas internacionais em 2024, enquanto a Espanha ultrapassou, como recorde, 94)". "Mas (acrescenta), não há dúvida de que países como Costa Rica ou Panamá, assim como o Equador, podem representar oportunidades para o investimento espanhol, que não está crescendo no momento devido a fatores como a incerteza decorrente da política comercial do governo norte-americano, a volatilidade da taxa de câmbio, os marcos regulatórios, etc."

Economia, negócios... mas sempre, responsabilidade social. Isso foi enfatizado pelas personalidades presentes em Santa Marta, que ressaltaram como as comunidades não devem ser vistas apenas como beneficiárias do turismo, mas como protagonistas que agregam valor por meio da cultura, do conhecimento e do território. Nesse contexto, foram discutidos mecanismos para promover a inclusão econômica, garantir que o turismo beneficie diretamente os moradores das áreas receptoras, investir no capital humano (principalmente jovens e mulheres) e promover políticas públicas que reconheçam o papel estratégico do turismo no fortalecimento das economias locais. Regras éticas e lógicas para qualquer pessoa interessada em participar do desenvolvimento do setor turístico na América Latina.

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