Gás LP: Ebulição Social Iminente

O preço controlado do gás LP no México está à beira de explodir em uma revolta social perigosa se o governo mexicano não resolver o problema de forma rápida e adequada.
Os distribuidores de gás alegam que, com o "teto de preço" do governo, eles não têm margem de lucro.
O descontentamento deles, após meses de diálogo infrutífero com as autoridades, está prestes a se transformar em uma paralisação que deixaria milhões de consumidores sem combustível.
De fato, a greve anunciada para terça-feira, 3 de junho, foi paralisada pelas próprias distribuidoras, diante da possibilidade de receberem uma resposta do governo ainda esta semana.
Mas a ameaça de uma greve dos distribuidores permanece latente e depende da resposta oficial.
O gás natural é um recurso básico para milhões de mexicanos e, se seu fornecimento for interrompido repentinamente, isso pode levar a uma agitação social perigosa.
Os dados públicos são impressionantes: 9 em cada 10 lares mexicanos consomem gás LP.
Um fato igualmente surpreendente é que 80% do gás LP que consumimos no México é importado dos Estados Unidos.
A origem da crise para as empresas cuja função é entregar o gás liquefeito de petróleo "até a última milha" — ou seja, até a porta de milhões de lares — é a margem mínima de lucro que obtêm devido à mudança inexplicável nas condições do preço controlado.
Vale lembrar que o gás LP está sujeito a controles de preços do governo desde 2021.
Não há nenhum outro produto no mercado mexicano que tenha um teto de preço estabelecido por lei.
Sua implementação original ocorreu durante o governo do ex-presidente Andrés Manuel López Obrador, mas com o benefício adicional de que os preços dos combustíveis podiam flutuar dependendo das flutuações nos preços internacionais dos combustíveis e da taxa de câmbio do peso em relação ao dólar.
O teto de preços, que começou em outubro de 2024 — ou seja, com o início do governo da presidente Claudia Sheinbaum — começou a aumentar o nível de pressão sobre os empresários do setor devido à mudança ilógica nas condições estabelecidas pelas autoridades do setor.
Como resultado, eles tiveram que demitir entre 600 e 1.000 funcionários, já que as empresas vêm registrando grandes prejuízos há sete meses.
No governo atual, foi tomada a decisão, sem consultar os distribuidores, de alterar a fórmula, publicada no Diário Oficial da Federação e sancionada como lei, que visava refletir localmente as variações dos preços internacionais e as flutuações da taxa de câmbio.
Isso fez com que os distribuidores registrassem perdas econômicas significativas nos últimos sete meses, cujo valor ainda não foi quantificado, mas que resultaram em perdas de empregos e no fechamento de alguns negócios.
Os dados, diz a CEO da Amexgas, Rocío Robles Serrano, podem ser identificados pelo número de vagas de emprego que as distribuidoras cortaram, de acordo com o Instituto Mexicano de Previdência Social.
Ou pelo número de empresas que declararam prejuízos ao Serviço de Administração Tributária (SAT).
A própria dirigente revela que, dentro do sindicato dos distribuidores, a emergência e o desespero levaram à divisão e à diversificação das reações.
Em todo o país, distribuidores independentes começaram a discutir a possibilidade de realizar a greve, que acabou sendo interrompida.
A Amexgas priorizou o diálogo, apesar de ter sido ignorada por meses.
Mas nos últimos dias, após fornecerem informações condensadas dos distribuidores, autoridades do Ministério da Energia pediram que eles enviassem faturas e as organizassem em um formato fornecido pelo próprio governo.
Os distribuidores concordaram e já enviaram as faturas e os dados solicitados. Eles esperam que a Subsecretaria de Hidrocarbonetos conclua sua avaliação esta semana e, com base na resposta, os distribuidores se pronunciarão.
A importância do tema não é diminuída pelas repercussões sociais que ele pode ter.
Está claro, e sempre esteve, que o controle de preços não é uma solução para o funcionamento de mercados que devem funcionar sob liberdade e concorrência.
A distribuidora de Gás del Bienestar, um complemento ao incidente originado na administração anterior, continua operando sem lucro e com enormes subsídios. Também não ajuda nem resolve nada.
Veremos se o bom senso e a lógica prevalecerão na resolução do problema. O tempo dirá.
Eleconomista