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Os 5 fatores que deixam a Colômbia mais próxima da potencial imposição de novas tarifas pelos EUA.

Os 5 fatores que deixam a Colômbia mais próxima da potencial imposição de novas tarifas pelos EUA.
As chances de o governo colombiano receber nos próximos dias uma carta do presidente dos EUA, Donald Trump, notificando-o sobre a imposição de novas tarifas, como aconteceu na segunda-feira com quase vinte países, além da União Europeia, são cada vez maiores, considerando as recentes tensões comerciais, políticas e diplomáticas que o país tem enfrentado com seu principal parceiro comercial.
O prazo para a imposição de "sanções comerciais" — tarifas de 25% — pelos Estados Unidos é 1º de agosto, como Trump mencionou, reiterando que somente se os governos daquele grupo de nações concordassem com acordos comerciais favoráveis a Washington ele cessaria sua intenção.
"Não permitiremos que eles burlem nossas regras ou tentem burlar nossas decisões usando rotas de exportação indiretas", insistiu o presidente dos EUA.
Mas quão perto está a Colômbia de se juntar ao grupo de países visados pelos Estados Unidos com tarifas mais altas sobre suas exportações? Uma análise recente da Câmara de Comércio Colombiano-Americana (AmCham) estabeleceu que o país está em um nível de risco alto de 8 em 10 em termos de possibilidade de receber tal comunicação nos próximos dias.
A análise do sindicato incluiu variáveis como a balança comercial entre os dois países, os fluxos migratórios, o combate às drogas, a cooperação bilateral e o alinhamento político, algumas das quais não são tão bem-sucedidas para a Colômbia quanto ela gostaria.
E embora os resultados da análise não indiquem que a Colômbia receberá uma carta formal ameaçando impor tarifas em breve, a AmCham alerta que o exercício foi conduzido "com o objetivo de antecipar cenários e fornecer ferramentas para responder prontamente a uma potencial escalada de medidas comerciais".
Dos cinco fatores analisados, a Colômbia apresenta risco médio-alto em três, alto risco em um e baixo risco em outro, segundo o estudo, que também se baseou nas variáveis analisadas para tomadas de decisão recentes direcionadas ao México, Brasil e União Europeia.
A pontuação total para cada uma dessas áreas mostra que "o índice geral para a Colômbia está próximo de 7,55 em 10, indicando um risco alto, mas não iminente", afirma a AmCham.
Balança comercial
A Colômbia tem um déficit comercial com os Estados Unidos, que no final do ano passado chegou a quase US$ 1,2 bilhão, 38% menos que em 2023, enquanto nos primeiros cinco meses de 2025 ficou em US$ 291 milhões, segundo dados recentes do Departamento Administrativo Nacional de Estatística (DANE).
Este é um fator que joga a favor da Colômbia, de acordo com a AmCham, que acredita que "os Estados Unidos atualmente mantêm um superávit comercial com a Colômbia, o que reduz a probabilidade de que este seja o principal motivo para uma ação tarifária unilateral".
Segundo o sindicato, Trump tem usado argumentos como déficit comercial e segurança nacional para justificar tarifas, como evidenciado por cartas recentes enviadas ao México, União Europeia, Brasil e outros parceiros estratégicos. "Tarifas são usadas como ferramenta de pressão geopolítica, para além de critérios comerciais estritamente técnicos."
No entanto, os Estados Unidos mantêm um superávit comercial com a Colômbia — especialmente em setores como máquinas, tecnologia, produtos farmacêuticos e insumos industriais — o que atenua significativamente esse argumento. Portanto, o risco associado ao país é baixo na avaliação.
Migração
Outro risco avaliado diz respeito à migração e aos controles que o país pode implementar nesse sentido. O presidente Trump afirmou que o México não fez o suficiente para impedir que a América do Norte se tornasse um "narcoparque", enquanto o Canadá e outros países foram apontados por sua suposta permissividade em relação à migração irregular.
Até o momento, destaca a AmCham, a Colômbia realizou voos de repatriação humanitária e negocia um acordo técnico para a troca de dados biométricos, mas persiste a falta de protocolos estáveis para retornos dignos e coordenados, o que coloca esse fator entre os de risco médio-alto na avaliação.

Imigrantes venezuelanos cruzando a fronteira com a Colômbia. Muitos usam o país como porta de entrada para os EUA. Foto: Mauricio Moreno. EL TIEMPO

"Essa situação continua afetando o relacionamento e exige maior cooperação operacional entre ambos os governos para evitar que essa questão se transforme em uma narrativa de sanções comerciais", declarou o sindicato.
O combate às drogas, por sua vez, é um dos fatores que mais pesarão na avaliação dos Estados Unidos sobre o país, à medida que o país avança para a imposição de sanções comerciais.
O México teve um desempenho ruim nesse aspecto devido à falta de resultados na redução do tráfico de fentanil. Segundo a AmCham, Canadá e Colômbia também foram alertados e estão sendo instados a cooperar mais estreitamente para alcançar resultados verificáveis no combate ao tráfico de drogas.

O aumento de cultivos ilícitos pode colocar a Colômbia na mira da descertificação. Foto: AFP

E ele enfatiza que, no caso colombiano, o aumento de cultivos ilícitos pode ser interpretado pelo parceiro comercial como descumprimento efetivo. Somam-se a isso decisões unilaterais e sinais contraditórios em relação a extradições e combate a gangues criminosas, que minam a confiança na estratégia conjunta antidrogas.
Assim, o cenário mais provável não é a implementação imediata de tarifas, mas sim uma possível descertificação no combate ao narcotráfico , prevê a AmCham.
Falhas na cooperação
O governo Trump também afirmou que a cooperação entre os países em questões como segurança, migração e conformidade comercial não tem sido suficiente. Nesse aspecto, o risco de medidas contra o país também é médio-alto.
A AmCham destaca que, além desses desafios, existem os chamados "irritantes comerciais", com quase 18 questões identificadas. Entre elas, os Estados Unidos priorizaram três que exigem atenção urgente: certificações de veículos, medicamentos e serviços digitais. A falta de soluções verificáveis para essas questões é interpretada como falta de reciprocidade.

A balança comercial da Colômbia com o mundo foi negativa em mais de US$ 10,8 bilhões em 2024. Foto: Carlos Arturo García M.

Soma-se a isso a potencial retaliação que os governos podem tomar em resposta à imposição de mais tarifas, uma questão sobre a qual o governo colombiano não demonstrou intenção de responder na mesma moeda, uma posição que foi bem recebida em Washington.
Contexto político
Para a União, a questão política é um fator que ganhou peso significativo nos últimos tempos. Para a Câmara de Comércio, a política externa de Trump também incorpora considerações ideológicas: governos com posições divergentes, alianças alternativas (como com a China ou a Rússia) ou retórica crítica aos Estados Unidos são percebidos como menos confiáveis e, portanto, sujeitos a medidas punitivas.

Cúpula do BRICS realizada em Kazan. Foto: AFP

Essa posição não só traz desafios para a Colômbia, mas também riscos e questionamentos devido à postura política do governo, que tomou decisões que podem contribuir para um relacionamento tenso com os Estados Unidos.
"A Colômbia aderiu ao Banco de Desenvolvimento dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O governo (Gustavo) Petro estreitou laços com a China e criticou publicamente autoridades americanas. Além disso, o julgamento do ex-presidente (Álvaro) Uribe é percebido em certos setores dos Estados Unidos como uma 'politização' que afeta a aliança bilateral", alerta.
Essas circunstâncias colocam a Colômbia em risco médio-alto nessa frente. De fato, a análise do sindicato lembra que os Estados Unidos estão monitorando qualquer distanciamento ideológico e Trump ameaçou impor uma tarifa adicional de 10% aos países que permanecerem alinhados com os BRICS.
eltiempo

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