A simulação acabou: Jalisco impõe paridade real aos partidos políticos

O Instituto Eleitoral e de Participação Cidadã de Jalisco (IEPCJ) aprovou diretrizes históricas para 2027 que exigirão que os partidos políticos indiquem apenas mulheres em oito municípios importantes, como Zapopan, e garantam espaços para jovens e outros grupos vulneráveis.
Guadalajara, Jalisco. — O cenário político de Jalisco se prepara para uma mudança estrutural sem precedentes. O Conselho Geral do Instituto de Participação Eleitoral e Cidadã (IEPCJ) aprovou uma série de diretrizes de paridade e inclusão que serão obrigatórias para todos os partidos políticos nas eleições de meio de mandato de 2027.
Essas novas regras, descritas como uma ferramenta para "construir condições equitativas", vão além das cotas tradicionais e representam uma intervenção direta para corrigir desequilíbrios históricos na representação política do estado.
A decisão da IEPCJ não é arbitrária; baseia-se em um diagnóstico convincente. Uma análise do instituto revelou que, apesar da paridade de gênero ser um princípio constitucional desde 2019, uma mulher nunca governou em 49 municípios de Jalisco.
Esses dados mostram que os partidos políticos, embora cumprissem a exigência de nomear um número igual de homens e mulheres, muitas vezes o faziam de forma simulada, atribuindo candidatas a municípios ou distritos com pouca ou nenhuma chance de vitória.
Para quebrar este ciclo, a IEPCJ tomou uma medida drástica:
- Municípios Reservados às Mulheres: Nas eleições de 2027, os partidos políticos serão obrigados a nomear mulheres exclusivamente para presidências municipais em oito municípios de alta população onde a reeleição não é possível. São eles: Zapopan, Tonalá, San Juan de los Lagos, Ixtlahuacán de los Membrillos, La Barca, Autlán de Navarro, Chapala e Poncitlán.
As diretrizes não se limitam à paridade de gênero. Elas também estabelecem ações afirmativas para garantir a inclusão de cinco grupos historicamente sub-representados:
- Jovens (18 a 29 anos)
- povos indígenas
- Pessoas com deficiência
- Pessoas da diversidade sexual (LGBTTTIQ+)
- Moradores de Jalisco que vivem no exterior
Para garantir sua participação, os partidos devem indicar candidatos desses grupos nos oito primeiros lugares de suas listas para vagas de representação proporcional. Além disso, são estabelecidas cotas específicas para candidatos jovens nos 125 municípios do estado.
"O que buscamos é construir condições equitativas para aqueles que historicamente não as tiveram. Essas são ações temporárias, até que alcancemos condições equitativas." – Conselheira Eleitoral Melissa Amezcua Yépiz.
A Conselheira Amezcua Yépiz foi enfática: essas regras não são uma sugestão. "Se os partidos não cumprirem, não haverá registro", alertou, deixando claro que a IEPCJ não aceitará listas de candidatos que não estejam de acordo com as novas diretrizes.
A aprovação dessas regras com dois anos de antecedência visa dar tempo aos partidos para identificar e formar novos quadros políticos e adaptar suas estratégias internas. No entanto, prevê-se forte resistência por parte das estruturas de poder tradicionais, e não estão descartadas contestações judiciais à decisão do instituto, o que prenuncia intenso debate político e jurídico nos próximos anos.
La Verdad Yucatán