Cristina Kirchner: "Da armadilha do dólar, passamos para a armadilha salarial, com uma direita cruel e sem plano."


Em entrevista a Gustavo Sylvestre, Cristina Kirchner analisou a situação atual do país e fez uma declaração que causou comoção: " Passamos do aperto do dólar para o aperto salarial ". A ex-presidente criticou o modelo de ajuste implementado pelo governo de Javier Milei , que ela definiu como "uma direita antiestatal, muito cruel e um tanto esotérica". Suas declarações ocorreram em meio a uma discussão acalorada sobre cortes em áreas-chave do governo.
"Estamos vendo um modelo econômico com dólar desvalorizado , cortes em setores sensíveis como Garrahan e um novo êxodo de cientistas . Eles estão copiando a tabelinha de Martínez de Hoz, mas o contexto hoje é diferente", disse Kirchner. A ex-presidente enfatizou que esse tipo de política não leva em conta as necessidades atuais ou sociais. Ela também enfatizou que esse tipo de movimento de direita não tem um plano real para o país.
Ao longo do relatório, a líder do Partido Justicialista expressou preocupação com o que considera uma tentativa de desmantelar o Estado. "Não se trata apenas de austeridade; é uma destruição de políticas públicas exemplares", afirmou. Em sua análise, o modelo libertário carece de estratégia e age por imitação.
A aparição do ex-presidente no canal de notícias coincidiu com as tentativas do partido peronista de se reorganizar em ano eleitoral. Enquanto o partido governista avança com sua agenda, vozes dentro do Partido Justicialista crescem em demanda por uma alternativa política e econômica.
"Este não é o momento apenas de ouvir definições, mas de começar a construir uma proposta alternativa", enfatizou Gustavo Sylvestre durante a entrevista. Nesse sentido, ele afirmou que a contribuição de Kirchner gera discussões necessárias em uma sociedade onde "abundam a mesquinharia e a mediocridade".
A ex-presidente também questionou a falta de resposta de certos setores às ações do atual governo. "Me criticaram pela forma como as coisas foram feitas, mas este presidente reprime, denuncia jornalistas e destrói instituições. E ninguém diz nada", afirmou. Para ela, o debate profundo sobre o país que queremos construir se perdeu.
Antes de encerrar, Kirchner insistiu que as decisões atuais estão prejudicando áreas que operavam com comprometimento e profissionalismo. " Garrahan não pode ser vítima desse corte. Nem a ciência nem a saúde podem ser tratadas como despesa", afirmou.
Para encerrar, ela ofereceu uma reflexão que deu o tom de sua mensagem: " O que importa hoje é o modelo de país que emerge deste momento ". Com essa declaração, Cristina Kirchner se posicionou mais uma vez como uma voz central no debate político argentino.
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