Justiça em espera: greve dos tribunais da Cidade do México é prorrogada

O sistema judiciário da Cidade do México está em estado de paralisia quase total. Há quase três semanas, milhares de trabalhadores do Poder Judiciário da Cidade do México (PJCDMX) mantêm uma paralisação por tempo indeterminado, o que paralisou milhares de processos judiciais, enquanto as negociações com as autoridades permanecem paralisadas.
Uma disputa trabalhista de larga escala colocou em risco a administração da justiça na capital do país. Desde o início de junho, o acesso aos principais tribunais e escritórios do PJCDMX (Departamento de Justiça da Cidade do México) está bloqueado por seus próprios trabalhadores, que exigem respostas a uma lista de reivindicações que, segundo eles, têm sido ignoradas há anos.
A greve, que afeta milhares de cidadãos e advogados, se intensificou devido à falta de acordos concretos entre os manifestantes e a administração do tribunal, criando um acúmulo de processos judiciais que levará meses para ser resolvido.
O que os trabalhadores estão reivindicando? As chaves para o conflito
O movimento dos trabalhadores está organizado em torno de quatro reivindicações principais, que refletem profundo descontentamento com suas condições de trabalho e representação sindical:
* Aumento salarial decente: Eles estão reivindicando um aumento salarial significativo, com valores que variam de 7% a 10%, argumentando que seus salários perderam poder de compra.
* Melhores Condições de Trabalho: Reclamam da sobrecarga de trabalho e reivindicam a contratação de pessoal mais qualificado para reduzir o acúmulo de trabalho, além de melhores materiais e mobiliário.
* Renovação Sindical: Uma das reivindicações mais contundentes é a renúncia do atual líder do sindicato majoritário, Diego Valdez Medina, a quem acusam de não representar seus interesses.
* Garantias contra retaliações: exigem um compromisso por escrito de que não haverá demissões ou cortes salariais para os participantes da greve.
Negociações em impasse
O diálogo entre os trabalhadores e as autoridades da PJCDMX, liderado pelo Presidente do Tribunal, Rafael Guerra, não conseguiu resolver o conflito. A administração do tribunal solicitou o retorno ao trabalho, prometendo não aplicar descontos nos dias de greve e atender às reivindicações gradualmente.
No entanto, os trabalhadores rejeitaram essas ofertas, descrevendo-as como "boa vontade declarativa, mas sem resultados". A desconfiança é o principal obstáculo. Os manifestantes argumentam que já deram votos de confiança no passado sem ver seus compromissos cumpridos e comparam sua situação à de outros sindicatos, como o dos professores, que receberam respostas mais rápidas às suas reivindicações.
"A boa vontade tem sido muitas vezes meramente declarativa, mas sem resultados. (…) A base de trabalhadores não confia mais em promessas." – Declaração dos trabalhadores da PJCDMX.
O Impacto Real: Milhares de Vidas no Limbo Legal
A consequência mais grave desta greve é a suspensão de fato do sistema de justiça para milhares de moradores da capital. O impacto é sentido em vários níveis:
* Julgamentos congelados: todos os prazos para apresentação de provas, resposta a ações judiciais e condução de procedimentos legais foram suspensos.
* Audiências adiadas: Centenas de audiências, incluindo aquelas de pessoas em prisão preventiva, foram adiadas indefinidamente.
* Casos urgentes são entregues aos poucos: embora haja equipes de plantão para lidar com casos extremamente urgentes, como violência doméstica, a capacidade de resposta é mínima.
Essa paralisia não só atrasa a justiça, como também a nega àqueles que dependem de uma resolução judicial para resolver disputas familiares, dívidas, disputas patrimoniais ou até mesmo sua própria liberdade. Até que um acordo baseado em confiança e compromissos concretos seja alcançado, a balança da justiça na Cidade do México permanecerá estagnada.
La Verdad Yucatán