México vs. SpaceX: Governo investiga Elon Musk por poluição

O governo mexicano tem como alvo uma das empresas mais poderosas do mundo. A presidente Claudia Sheinbaum anunciou o início de uma investigação formal sobre a poluição ambiental em Tamaulipas, supostamente causada por destroços do foguete SpaceX, empresa de Elon Musk.

Cidade do México. – Em uma ação que aumenta as tensões entre o México e as gigantes da tecnologia dos EUA, o governo da presidente Claudia Sheinbaum lançou uma ofensiva jurídica e diplomática contra a SpaceX. O governo federal está conduzindo uma "revisão geral" para determinar se a empresa de Elon Musk violou as leis internacionais após a queda de destroços de foguete em território mexicano.

A investigação foi iniciada após a explosão de um foguete Starship em 18 de junho durante um teste nas instalações da Starbase da SpaceX, no sul do Texas, perto da fronteira com o México. Após o incidente, pedaços de metal, plástico e outros componentes do foguete foram encontrados no estado de Tamaulipas.

"Há uma revisão geral em andamento para determinar quais leis internacionais estão sendo violadas... porque há contaminação", declarou a presidente Sheinbaum em sua coletiva de imprensa, deixando claro que o governo poderia tomar medidas legais.

Este não é um incidente isolado. Autoridades mexicanas já haviam confirmado a presença de destroços em uma praia em Tamaulipas após outro lançamento fracassado da Starship em 27 de maio.

A preocupação se espalhou para o nível estadual. O governador de Tamaulipas, Américo Villarreal, solicitou um estudo para verificar se a SpaceX cumpre as normas relativas à localização de tais instalações perto de centros populacionais.

Além dos detritos espaciais, o que está em jogo é um princípio de soberania nacional. O conflito levanta uma questão fundamental: uma empresa privada estrangeira pode impactar fisicamente o território mexicano sem consequências? A resposta do governo Sheinbaum é um sonoro não, buscando estabelecer um precedente legal.

A postura da SpaceX colocou mais lenha na fogueira. Em uma publicação na plataforma de mídia social X, a empresa alegou que suas tentativas de recuperar os destroços — aos quais se referiu como "propriedade da SpaceX" — foram prejudicadas por "pessoas não autorizadas invadindo propriedade privada" no México. Essa declaração foi vista como uma afronta à jurisdição mexicana.

Além disso, o impacto ambiental é uma preocupação tangível. A ONG Conibio Global coletou quase 2 toneladas de materiais e alertou que os resíduos, incluindo tanques contendo fósforo, podem danificar ecossistemas sensíveis, como a Praia de Bagdá, um importante local de nidificação da tartaruga-de-kemp, uma espécie criticamente ameaçada de extinção.

"Estamos revisando tudo relacionado ao lançamento de foguetes muito perto da nossa fronteira", declarou o presidente Sheinbaum, enquadrando o problema como uma questão de segurança nacional e respeito internacional.

Ao confrontar uma figura global e frequentemente controversa como Elon Musk, o governo Sheinbaum projeta uma imagem de firmeza na defesa dos interesses nacionais. Essa estratégia, aliada à resposta às sanções bancárias dos EUA, busca consolidar um modelo de governo que não tem medo de confrontar os poderes instituídos em seu vizinho do norte, conquistando capital político tanto no cenário nacional quanto internacional.