Paraíso: 7 em cada 10 vivem com medo apesar do investimento multimilionário

Um número alarmante veio à tona em Paraíso, Tabasco: mais de 70% dos moradores se sentem inseguros. Esse número, extraído de pesquisas para o Plano de Desenvolvimento Municipal, revela uma profunda desconexão entre o investimento federal e o bem-estar social.
Paraíso, município de Tabasco, sede da refinaria multimilionária de Dos Bocas, vive um paradoxo profundo e preocupante. Embora o investimento federal tenha sido direcionado ao megaprojeto de energia, a esmagadora maioria de sua população vive com medo. De acordo com dados revelados em pesquisas para a elaboração do Plano de Desenvolvimento Municipal, mais de 70% dos moradores de Paraíso se sentem inseguros.
Os dados são avassaladores e refletem uma crise de percepção e realidade. O fato de 7 em cada 10 moradores de um município que tem sido foco de atenção nacional e internacional por seu desenvolvimento econômico se sentirem inseguros é um sinal de que os benefícios do investimento não se traduziram em paz e tranquilidade para a comunidade.
Essa percepção não é infundada. Nas últimas semanas, foram registrados crimes de alto impacto, incluindo roubos e agressões nas praias do município, o que levou ao fechamento de alguns estabelecimentos comerciais, alegando falta de condições seguras de operação.
A refinaria Olmeca, em Dos Bocas, foi concebida não apenas como um projeto de soberania energética, mas também como um motor de desenvolvimento para o sudeste do México. Esperava-se que a injeção maciça de capital e a criação de empregos gerassem um ciclo virtuoso de bem-estar e progresso para Paraíso e os municípios vizinhos.
No entanto, a realidade parece ser mais complexa. O crescimento rápido e frequentemente desordenado associado ao projeto trouxe consigo novos desafios sociais e de segurança que, evidentemente, não foram enfrentados com a mesma rapidez que a construção da infraestrutura industrial.
Embora o número de 70% venha de pesquisas locais, a Pesquisa Nacional sobre Vitimização e Percepção da Segurança Pública (ENVIPE) de 2024, do INEGI, oferece um contexto mais amplo para Tabasco. Em nível estadual:
* 84,8% da população com 18 anos ou mais considera que viver em Tabasco é inseguro.
* 60,4% consideram a insegurança o maior problema enfrentado pela entidade.
* O local onde a população se sente mais insegura é nos caixas eletrônicos das vias públicas (81,9%).
Esses dados estaduais confirmam que a percepção de insegurança em Paraíso faz parte de um problema mais amplo em Tabasco, mas o número local de 70% é particularmente alarmante dado o contexto de investimentos e as expectativas geradas no município.
O Plano Estadual de Desenvolvimento 2019-2024 já reconhecia que "em um clima de insegurança, as oportunidades de desenvolvimento são prejudicadas, afastando investimentos e turismo, fomentando uma percepção de medo generalizado". A situação atual em Paraíso é a manifestação mais clara desse alerta.
La Verdad Yucatán