Como funciona a química do desejo? | Sexo com Esther

Dizem que os desejos surgem por conta própria, como borboletas travessas que decidem pousar sem aviso. Mas isso não é verdade. Os desejos são cozidos. São cultivados. São moldados pelo tempo, pelo contexto, pelo contato, pelas palavras e, acima de tudo, pela mente. Porque sim, embora às vezes pareça que tudo acontece no térreo, a verdadeira fábrica do desejo está lá em cima, no sótão: na cabeça.
Da neuroquímica à literatura erótica, os seres humanos têm buscado explicações para entender por que se excitam com algo em determinados momentos, com certas pessoas, ou sob determinada iluminação, humor ou até mesmo condições musicais. Alguns culpam os feromônios, aquelas moléculas invisíveis que, segundo eles, nos arrastam como zumbis perfumados. Mas a verdade é que não somos apenas narizes excitados: somos também histórias, medos, memórias, estímulos e um vasto arquivo de coisas que nos fizeram estremecer... ou bocejar.
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Na prática, o desejo é uma sinfonia complexa. Às vezes, tudo começa com um olhar inesperado. Outras vezes, nem fogos de artifício acendem a faísca. E é isso: o desejo não é automático. Não é um botão vermelho ou uma receita de micro-ondas. O desejo é um processo criativo, um quebra-cabeça que mistura biologia, emoção e um pouco de fantasia, porque ninguém quer fazer algo como se estivesse pagando uma dívida.
O interessante é que essa química misteriosa pode ser aprendida, estimulada e reinventada. É para isso que serve a arte da conversa, de olhar diferente, de descobrir outras formas de acariciar. A pele tem memória, e se você a tratar com poesia, ela pode se lembrar por que gosta tanto do berço. É claro que nenhuma química funciona se você ignorar a realidade do corpo.

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Sono ruim, estresse, viver com medo ou sofrer de um distúrbio hormonal podem desconectar o melhor do pior . E o pior: você pode pensar que o problema é um, ou outro, ou ambos, quando na realidade o problema é que ninguém disse nada.
É por isso que falar sobre desejo — francamente, sem tabus ou bobagens — é uma forma de senti-lo. Dizer "Eu gosto disso" ou "Hoje não estou com vontade" não deve ofender nem assustar ninguém. O desejo não é forçado; é cultivado. E se houver química, que seja com o corpo todo, não apenas com os sucos.
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Então sim: existem feromônios, existem hormônios, existem neurotransmissores como a dopamina e a ocitocina fazendo seu trabalho. Mas também há memória, ternura, cumplicidade e pele. O desejo não é uma centelha mágica que surge por decreto divino. É uma chama.
que é revivido se aprendemos a soprá-lo com entusiasmo... e com arte.
Porque se isso vai acontecer, que seja por desejo, não por hábito. Que cheire bem, que soe bonito, que toque suavemente. Que tenha um toque de ciência, um toque de magia e todo o prazer de não ter que explicar muito. Até mais.
eltiempo