A exposição “All About Love” em Toulouse, ou a arte de luta de Mickalene Thomas

A exposição de Mickalene Thomas, que encerra sua temporada neste verão em Toulouse, no Abattoirs, após paradas em Los Angeles, Filadélfia e Londres, intitula-se "Tudo Sobre o Amor". Poderia ter sido chamada de "Tudo Sobre Mim", não por egocentrismo, mas porque o trabalho de Thomas transita constantemente do particular para o geral, de sua trajetória pessoal — a de uma afro-americana nascida em Nova Jersey em 1971, que frequentou várias universidades e se formou na Universidade de Yale, em Connecticut, em 2002 — para o estado social e político dos Estados Unidos hoje.

À primeira vista, a artista está muito presente em suas obras. Em muitas ocasiões, ela é sua própria modelo e, para o vídeo "Me as Muse" , de 2016 , filma-se nua. Com ainda mais frequência, ela usa seus íntimos como modelos: sua mãe, seus amantes e seus amigos. Já suas instalações recriam os apartamentos de sua avó e mãe, sofás floridos, fotos de família, capas de discos e bugigangas.

No entanto, essas obras não são autobiográficas, não revelando nada de pessoal ou indiscreto. Encenar-se e contar sua história de vida como Sophie Calle não é seu objetivo. O dela é de outra magnitude: o estudo crítico das representações de mulheres negras na história da arte ocidental e na sociedade norte-americana contemporânea. E particularmente aquelas relacionadas a relacionamentos românticos e eróticos. Por ser abundante, organizada em capítulos e incluir todos os modos de expressão de Thomas, a exposição demonstra isso fortemente. Há uma lógica constante aqui e um grande domínio dos meios visuais.

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