"Sinto pena dos ciclistas": no amargo Campeonato Mundial de Ciclismo de Kigali, Vallières Mill surpreende

Do alto da capital ruandesa, a canadense Magdeleine Vallières Mill surpreendeu a todos no sábado ao conquistar o ouro no Campeonato Mundial Feminino de Estrada. A atleta de 24 anos, que subiu inesperadamente ao pódio, triunfou sobre 3.350 metros de ganho de altitude, o ar abafado (60% de umidade) denso pela poluição e, acima de tudo, a elite da competição mundial reunida em Kigali.
Visto da beira da estrada, o pelotão é um monstro frio, uma cobra mecânica que soa com o clique metálico de máquinas em roda livre, um bloco mais ou menos esticado, mas tornado impessoal pelo uniforme – capacetes, óculos escuros, shorts de ciclismo – dos ciclistas, cujas centenas de pernas se movem mecanicamente como os pistões de uma máquina gigantesca.
A chegada da fera é anunciada pelo rugido do helicóptero que filma a corrida. O público ruandês parece quase intimidado. Nas primeiras voltas do circuito — serão onze, ou 164,6 quilômetros —, eles preferem dar voz aos últimos, os desistentes, que por acaso são os africanos, a maioria dos quais não terminará a corrida.
Os ruandeses compartilham um pensamento em relevo com os ciclistas: eles falam em morros, lombadas, subidas e descidas. Em Kigali, os nomes dos bairros costumam ser os de morros – a cidade é uma sucessão de morros. Duas seções íngremes inflam o percurso da corrida: a chamada colina Kigali Golf (800 metros com uma inclinação média de 8,1%) e
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