Novo DPE: cerca de 850 mil casas classificadas como peneiras energéticas devem ser modernizadas em 2026

François Bayrou anunciou na quarta-feira, 9 de julho, uma mudança no cálculo do diagnóstico de desempenho energético (DPE) para habitação, a principal ferramenta para a renovação energética de edifícios. Segundo Matignon, até 2026, essa reforma deverá favorecer amplamente o aquecimento elétrico, removendo 850.000 casas das 5,8 milhões de casas classificadas como F ou G no DPE da categoria de peneira energética.
Em detalhes, o coeficiente de conversão de eletricidade, usado para calcular a energia efetivamente consumida a partir das leituras e contas de energia, será alterado , passando dos atuais 2,3 para 1,9. Matignon afirma em um comunicado à imprensa que essa "mudança refletirá melhor a realidade da matriz energética francesa , amplamente descarbonizada graças à energia nuclear, e corrigirá um tratamento desigual que até agora penalizava as residências aquecidas por eletricidade".
Para Nicolas Goldberg, especialista em energia da Colombus Consulting, a reforma visa "corrigir os certificados de desempenho energético (DPEs), que atualmente desfavorecem significativamente a eletricidade em espaços pequenos, seja para aquecimento ou para aquecedores de água". O gás natural, por outro lado, se beneficia de um coeficiente 1, mais vantajoso do que a eletricidade. "Essa mudança impede que certas residências com menos de 40 m² sejam classificadas como peneiras térmicas por serem elétricas, o que não aconteceria se fossem aquecidas a gás", acrescenta na justificativa.
"A desvantagem é que isso desencoraja a renovação térmica nessas pequenas casas com aquecimento elétrico, onde as contas podem ser complicadas para os inquilinos", esclarece Nicolas Goldberg . " Essa decisão também permitirá direcionar o auxílio à renovação energética de forma mais eficaz para casas aquecidas a combustíveis fósseis", sugere Matignon, com razão, enquanto uma mudança nas regras de alocação desse auxílio está atualmente em análise.
A Ministra da Transição Ecológica, Agnès Pannier-Runacher, comemorou o anúncio: "Esta é uma vitória para a nossa matriz elétrica 95% livre de carbono, graças às energias nuclear e renovável, e um forte sinal a favor da eletrificação das casas". A eletricidade "é um recurso essencial para a renovação bem-sucedida das casas, o combate às mudanças climáticas e o fortalecimento da nossa soberania".
Para David Rodrigues, diretor jurídico da associação CLCV (Consumo, Habitação e Ambiente de Vida), esta alteração no cálculo do DPE " nada mais é do que uma posição política de promoção da eletricidade e da energia nuclear, e um presente aos proprietários e profissionais que há anos pedem um alívio dos constrangimentos ".
Ele também questiona "o sinal enviado" por esta nova reforma do DPE, já alterada várias vezes, e teme que ela " reforce o ceticismo em relação ao DPE ". A alteração do DPE deve entrar em vigor em 1º de janeiro de 2026, após a publicação de um decreto prevista para setembro e uma consulta pública que será lançada nos próximos dias.
Libération