Pompa real e cordialidade no primeiro dia da visita de Estado de Macron ao Reino Unido

"O Reino Unido e a França devem hoje mostrar mais uma vez ao mundo que nossa aliança pode fazer toda a diferença", declarou ele, no primeiro dia de uma visita de Estado de três dias, a primeira de um presidente francês desde 2008, perante ambas as casas do Parlamento, no prestigioso e solene cenário do Palácio de Westminster, em Londres.
"Claramente, devemos trabalhar juntos para defender o multilateralismo efetivo e proteger a ordem internacional como a construímos após a Segunda Guerra Mundial", acrescentou ele, falando por 30 minutos em inglês, sob aplausos de parlamentares e lordes.
Denunciando o "ressurgimento dos impulsos imperiais", Emmanuel Macron garantiu que os europeus, liderados pelos franceses e britânicos, "nunca abandonarão a Ucrânia".
"Lutaremos até o último minuto para alcançar um cessar-fogo, para iniciar negociações para construir essa paz sólida e duradoura, porque é a nossa segurança e os nossos princípios que estão em jogo na Ucrânia", disse ele.
Na quinta-feira, o chefe de Estado francês copresidirá uma reunião com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer da "coalizão dos dispostos", que reúne países comprometidos em fortalecer as capacidades de defesa da Ucrânia e, em última análise, construir uma força de segurança para impedir a Rússia de retomar a ofensiva quando um cessar-fogo for acordado.
"Viva a França"O retorno do Reino Unido à Europa é um bom caminho a seguir, ele insistiu, ressaltando de passagem que o Brexit foi "profundamente lamentável", mas que "nós o respeitamos".
Ele disse que "apoiava os esforços do primeiro-ministro Keir Starmer para restaurar a confiança" entre Londres e a UE.
Sob uma longa salva de palmas, ele também usou o humor inglês. "Amamos a monarquia, especialmente quando ela não está em nosso país", disse ele, provocando risos, enquanto agradecia ao rei pela hospitalidade e elogiava a "amizade" entre os dois povos.
O presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, apontando para os afrescos de batalha nas paredes da Galeria Real em Westminster, admitiu que a relação entre os dois povos costumava ser tumultuada, antes de concluir seu discurso com um vibrante "Vive la France".
Como símbolo do vínculo entre os dois países, Emmanuel Macron também anunciou que a França emprestaria a famosa Tapeçaria de Bayeux ao Reino Unido. Ela ficará em exposição no Museu Britânico entre setembro de 2026 e junho de 2027. Em troca, o museu britânico, que Emmanuel Macron visitará na quarta-feira, emprestará à França peças do tesouro Sutton Hoo, uma das joias de sua coleção.
O casal Macron foi recebido pela manhã pelo príncipe herdeiro William e sua esposa Kate, vestidos com Dior, na pista da base militar de Northolt, a oeste de Londres.
Emmanuel e Brigitte Macron se juntaram ao Rei Charles III e à Rainha Camilla em Windsor (oeste de Londres), quase dois anos após a visita de estado do casal real à França.
Depois de ouvir a Marselhesa, todos tomaram seus lugares nas carruagens reais, que subiram a rua principal de Windsor, enfeitadas com bandeiras britânicas e francesas, até o castelo, onde o casal presidencial residirá.
Emmanuel Macron e o rei revisaram as tropas juntos durante uma cerimônia no pátio do castelo, antes de almoçarem com suas esposas, William e Kate, e outros convidados.
Após a frieza que caracterizou as relações bilaterais franco-britânicas desde a saída do Reino Unido da União Europeia em 2020, a visita de Estado do presidente francês ocorre em um clima que se aqueceu entre os dois países, com a chegada do trabalhista Keir Starmer a Downing Street há um ano.
A guerra na Ucrânia, que trouxe as questões de defesa e segurança de volta à vanguarda das preocupações europeias, aproximou ainda mais os dois aliados, as principais potências militares e detentores de armas nucleares do continente.
Acordo de Energia"Nossos dois países enfrentam uma infinidade de ameaças complexas, vindas de múltiplas direções. Como amigos e aliados, nós as enfrentamos juntos", disse o rei em seu discurso antes do jantar de Estado marcado para a noite de terça-feira. "Esses desafios não conhecem fronteiras", acrescentou.
Na frente econômica, o Palácio do Eliseu anunciou na terça-feira que a empresa pública de energia EDF assumiria uma participação de 12,5% na futura usina nuclear britânica de Sizewell C, no leste da Inglaterra.
No plano político, espera-se que uma cúpula bilateral na quinta-feira confirme o fortalecimento da cooperação em questões de defesa e combate à imigração ilegal.
O presidente francês prometeu resultados "tangíveis" nessas duas questões.
Do lado britânico, as expectativas são altas em relação ao combate à imigração ilegal, após um número recorde de chegadas pelo Canal da Mancha desde janeiro (mais de 21.000).
Nice Matin