Canadá pede redução da tensão entre Israel e Irã, diz ministro das Relações Exteriores

A ministra das Relações Exteriores, Anita Anand, disse que o Canadá está pedindo uma redução da tensão depois que Israel atacou instalações nucleares do Irã e matou líderes militares iranianos com uma série de ataques aéreos na manhã de sexta-feira.
"Nós, como país, sempre preferimos soluções negociadas e encorajamos as partes a chegarem à mesa", disse Anand em uma entrevista ao programa The House, da CBC, que vai ao ar no sábado.
"As preocupações relacionadas a uma possível escalada são reais, e a chave será acalmar a situação e chegar a uma solução negociada", disse ela à apresentadora Catherine Cullen.
Anand acrescentou que "é claro que Israel tem o direito de se defender" e que o Canadá está preocupado "com a ameaça representada pelo programa de mísseis balísticos nucleares do Irã". Ela também disse que o governo federal está monitorando os acontecimentos.
Vários locais na capital do Irã, Teerã, foram atingidos no ataque, que, segundo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, teve como alvo instalações nucleares e militares. O exército israelense afirmou que cerca de 200 aeronaves estiveram envolvidas no ataque inicial contra cerca de 100 alvos.

O líder da Guarda Revolucionária paramilitar do Irã, general Hossein Salami, foi morto, informou a televisão estatal iraniana, em um grande golpe para a teocracia governante de Teerã e uma escalada imediata de seu longo conflito com Israel.
O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu nas redes sociais que o Irã chegasse a um acordo com Washington sobre seu programa nuclear, alertando que os ataques de Israel "só vão piorar".
Anand disse que o Canadá acredita que "o melhor caminho para a paz e a segurança sustentáveis na região são as negociações entre os Estados Unidos e o Irã" e que o governo federal gostaria de ver essas negociações continuarem.
O líder conservador Pierre Poilievre afirmou em uma publicação nas redes sociais na manhã de sexta-feira que "Israel tem o direito de se defender — inclusive desarmando o programa nuclear genocida de Teerã. Não pode esperar até que o regime tenha capacidade para um ataque nuclear".
Israel tem o direito de se defender — inclusive desarmando o programa nuclear genocida de Teerã. Israel não pode esperar até que o regime tenha capacidade para um ataque nuclear.
— @PierrePoilievre
Todos nós deveríamos esperar que este seja o fim do programa nuclear do regime e que o grande povo persa possa...
"Todos os níveis de governo devem tomar medidas extras para proteger a comunidade judaica do Canadá de antissemitas vis que podem usar esses eventos como desculpa para mais atos de violência", acrescentou Poilievre.
Heather McPherson, crítica de relações exteriores do NDP, disse que "os Novos Democratas condenam os ataques de Israel a prédios residenciais em Teerã, que causaram centenas de vítimas, incluindo civis", em um comunicado divulgado na manhã de sexta-feira.
"Embora tenhamos condenado a liderança iraniana há muito tempo, incluindo a Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), este ato ilegal de Israel só provocará mais violência", acrescentou McPherson. Ela pediu "desescalada, diplomacia e Estado de Direito — todos princípios que o Canadá não priorizou em sua abordagem ao Oriente Médio".
Anand defende convite de Modi para o G7O ataque de Israel ocorre dias antes de líderes dos países democráticos mais poderosos do mundo se reunirem em Kananaskis, Alta., para uma reunião crítica do G7 liderada pelo primeiro-ministro Mark Carney.
Carney recebeu críticas por convidar o primeiro-ministro indiano Narendra Modi. A Polícia Montada Real Canadense (RCMP) alegou que agentes indianos estiveram envolvidos no assassinato de Hardeep Singh Nijjar, o separatista khalistani canadense que foi morto a tiros em frente a um templo sikh na Colúmbia Britânica em 2023.
"O governo anterior assumiu uma posição baseada em princípios e direta", disse Balpreet Singh, porta-voz da Organização Sikh Mundial do Canadá, na quinta-feira. "Quando questionado sobre isso, o primeiro-ministro Carney hesitou."

Carney disse na quarta-feira que o Canadá quer discutir segurança energética, minerais essenciais e o desenvolvimento de inteligência artificial — três de suas prioridades declaradas para esta reunião de líderes mundiais — e é "difícil ter essas discussões sem a Índia".
Anand defendeu a medida e disse que "a segurança de todos os canadenses, no país e no exterior, é minha maior prioridade" e que os diálogos entre os países "se basearão na necessidade de observar o Estado de Direito e a segurança dos canadenses".
O ministro das Relações Exteriores acrescentou que a investigação da RCMP está em andamento e que "nem todas as conversas serão fáceis nesta conferência".
"Pelo contrário, as discussões serão difíceis e nosso primeiro-ministro e eu — como seu ministro das Relações Exteriores — estaremos à mesa para ter essas conversas", disse Anand.
Possível acordo Canadá-EUAA reunião do G7 também será a próxima chance de Carney se encontrar pessoalmente com o presidente dos EUA, Donald Trump, enquanto o Canadá tenta convencer os Estados Unidos a reduzir suas tarifas sobre produtos e energia canadenses.
A CBC News e a Radio-Canada tomaram conhecimento da existência de um documento de trabalho delineando detalhes de um possível acordo. Três fontes com conhecimento direto da situação disseram à CBC que o documento tem sido enviado e recebido entre Ottawa e Washington.

Embora isso seja considerado um passo em direção ao objetivo geral de chegar a um acordo, há alertas de diversas fontes de que mais trabalho precisa ser feito antes que se chegue a um acordo.
Quando perguntado sobre o quão perto o Canadá está de chegar a um acordo com os americanos, Anand disse que "essas negociações são extremamente sensíveis e extremamente importantes, obviamente considerando que nosso relacionamento comercial bilateral é extenso e integrado".
"O trabalho que está sendo feito para garantir que os interesses do Canadá sejam primordiais nessas negociações é um trabalho delicado e não será um trabalho que discutirei aqui", disse Anand a Cullen.
O ministro das Relações Exteriores também disse que o novo compromisso do Canadá de cumprir a meta de gastos da OTAN de dois por cento até março garante que o Canadá seja um parceiro internacional forte e confiável, ao mesmo tempo que reforça a capacidade militar do país.
cbc.ca