Gêmeos: Uma 'gastroscopia' especial ajuda a perder peso suprimindo a fome.

Há vários anos, a ablação da mucosa gástrica (GMA), a remoção térmica da mucosa gástrica, rica em células produtoras de grelina, o hormônio da fome, vem sendo combinada com a gastroplastia vertical endoscópica (Endosleeve), que reduz o volume do estômago e permite uma perda de peso de 14% a 20%. Há poucos dias, pela primeira vez no mundo, uma sonda de última geração (Moviva®) foi utilizada na Fondazione Policlinico Gemelli, em Roma, permitindo uma "queima" mais rápida de uma porção maior da mucosa gástrica. Os resultados desses dois procedimentos minimamente invasivos combinados, de acordo com o Hospital Gemelli, são semelhantes aos da cirurgia bariátrica, com uma redução do peso inicial de até um terço após um ano e meio.
A obesidade é um problema global — apontam especialistas — tanto que, segundo a Federação Mundial da Obesidade, até 2035, mais da metade da população mundial estará com sobrepeso ou obesa. Hoje, não faltam opções de tratamento, desde terapias farmacológicas (GLP-1 e análogos do receptor GLP-1/GIP) até cirurgia bariátrica. Mas há também uma terceira opção, a endoscopia bariátrica, que vem ganhando cada vez mais espaço tanto em termos de acessibilidade (inclusive em termos de recursos do NHS) quanto de eficácia. "A gastroplastia vertical endoscópica", explica Ivo Boskoski, professor associado de Gastroenterologia da Universidade Católica do Sagrado Coração e diretor médico da Unidade de Endoscopia Digestiva e Cirúrgica da Fundação Policlínica Gemelli (IRCCS), "é um procedimento minimamente invasivo desenvolvido para tratar a obesidade por via endoscópica. O procedimento reduz o volume do estômago (ele é 'estreitado' por meio de uma 'sutura' endoscópica) e retarda o esvaziamento gástrico, o que proporciona uma sensação de saciedade. O Hospital Gemelli oferece esse procedimento desde 2013. Fomos os primeiros na Europa e os segundos no mundo (apenas os EUA nos superaram)."
Por enquanto, o procedimento é indicado para pacientes com obesidade (da idade pediátrica à geriátrica), ou seja, índice de massa corporal (IMC) maior que 30, de acordo com um comunicado do Hospital Gemelli. A última edição das diretrizes da Sociedade Italiana de Cirurgia para Obesidade e Doenças Metabólicas (SICOB) recomenda o uso da endoscopia bariátrica em pacientes com obesidade grau I (IMC entre 30 e 34,9 kg/m²) e pelo menos uma comorbidade associada, e em pacientes com obesidade grau II (IMC ≥ 35), independentemente da presença ou ausência de comorbidades. As diretrizes, no entanto, não recomendam nem a favor nem contra o uso da endoscopia bariátrica em pacientes com sobrepeso (IMC entre 27 e 29,9 kg/m²) e pelo menos uma comorbidade associada, não controlada por terapia médica. Essa indicação é discutida caso a caso pela equipe multidisciplinar de tratamento da obesidade. As diretrizes conjuntas da ASGE/ESGE (Sociedade Americana e Europeia de Endoscopia Gastrointestinal) recomendam gastroplastia endoscópica (Endosleeve) para pessoas com IMC de 27 a 29,9 e comorbidades. Boskoski é coautor de ambos os documentos.
"No nosso hospital", acrescenta Cristiano Spada, professor titular de Gastroenterologia da Universidade Católica e diretor da Unidade de Endoscopia Digestiva Cirúrgica da Fondazione Policlinico Gemelli IRCCS, "a indicação da gastroplastia vertical endoscópica é feita pela equipe multidisciplinar 'via da obesidade', que atribui individualmente o melhor tratamento para cada paciente".
"O procedimento endoscópico, que dura de 25 a 30 minutos", explica Boskoski, "é realizado sob anestesia geral ou sedação profunda. Um grampeador é acoplado a um gastroscópio padrão, que é usado para 'costurar' uma parte do estômago por dentro, excluindo-o. O estreitamento afeta o antro e o corpo do estômago, poupando o fundo gástrico (pois a distensão do fundo gástrico com alimentos produz uma sensação de saciedade). Nos últimos anos, a combinação desse procedimento com a terapia com agonistas de GLP-1, mesmo em baixas doses (e mesmo com períodos de abstinência), tem sido muito bem-sucedida." No entanto, esse procedimento alcança uma redução de peso não superior a 14% a 20% do IMC inicial. "Mais recentemente", continua o especialista, "portanto, tem-se considerado possível potencializar os efeitos da perda de peso combinando a gastroplastia vertical endoscópica com a ablação térmica da mucosa do fundo gástrico." Nesse nível, de fato, estão as células enteroendócrinas produtoras de grelina, que tendem a ser hiperativas em pessoas obesas. Uma vez destruída a mucosa gástrica com plasma de argônio, a mucosa regenerada em pacientes submetidos à gastroplastia vertical endoscópica é saudável e potencializa os efeitos da perda de peso, alcançando uma redução de 28% no IMC inicial em 12 meses e uma redução de 32% no IMC inicial em 18 meses. Estes são os resultados preliminares de um estudo em andamento no Hospital Gemelli, realizado com mais de 20 pacientes, que será publicado até o final do ano.
Mas, enquanto isso, a pesquisa e os avanços tecnológicos continuam. "Há alguns dias", comenta Spada, "fomos os primeiros no mundo a utilizar a versão atualizada desta sonda a laser (chamada Moviva e com a marcação CE) para ablação da mucosa, o que permite um tratamento mais rápido de uma área maior da mucosa gástrica. O procedimento foi realizado em uma mulher de 40 anos com IMC de 38. A combinação dessas duas técnicas (a endoscopia bariátrica e a ablação da mucosa do fundo gástrico) nos permite obter resultados de perda de peso comparáveis aos da cirurgia bariátrica tradicional, mas com uma técnica minimamente invasiva."
Adnkronos International (AKI)