Com investimento de US$ 1,245 milhão, Telecom comprou a Telefónica da Argentina
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Com um investimento de US$ 1,245 bilhão, a Telecom adquiriu a subsidiária argentina da Telefónica, foi noticiado. Foi depois de um intenso processo competitivo. E depois que a Telefónica decidiu em 2019 reduzir sua exposição na região.
"A Telecom continuará desenvolvendo a infraestrutura digital do país e aumentando a cobertura de banda larga fixa e móvel, ao mesmo tempo em que acelera a implantação de fibra óptica e 5G. Dessa forma, a Argentina terá uma infraestrutura digital de nível e qualidade internacionais, impulsionando o desenvolvimento de amplos setores da economia", disse a empresa em um comunicado.
A Telefónica Móviles de Argentina SA fornece serviços de telecomunicações fixas, móveis e de valor agregado no país.
Esta aquisição ocorre em um contexto de crescente consolidação do setor de telecomunicações em todo o mundo , que passa por grandes transformações com o surgimento de novos players e tecnologias transacionais, a demanda por capacidade e uso intensivo de redes por grandes plataformas globais e a necessidade de articular sinergias de infraestrutura e serviços para atender ao tráfego em crescimento exponencial.
Roberto Nobile, CEO da Telecom, disse: “Com esta operação, a Telecom demonstra seu compromisso de continuar investindo na Argentina dentro do marco das atuais condições macroeconômicas que acrescentam certeza e estabilidade ao investimento privado e competitivo.”
Para a operação, a Telecom contou com o banco BBVA como assessor da transação e financiamento inicial de diversos bancos, os já citados BBVA, Deutsche Bank, Santander e ICBC no valor de US$ 1.170 milhões.
Fontes do mercado ressaltam que não se trata de uma aquisição "hostil" da Telefónica por um forte concorrente, mas sim da aquisição de um ativo que estava se deteriorando, representando riscos para seus clientes, redes, qualidade de serviço e funcionários.
Em nota da Presidência da República, é afirmado que será defendida a livre concorrência entre os usuários.
Comunicado da Presidência sobre a venda da Telefónica da Argentina.
A capitalização de mercado da Telecom é de US$ 7,3 bilhões e a da Telefónica é de US$ 1 bilhão. Seus concorrentes, alguns dos quais acabaram de entrar no mercado argentino, têm valores mais que eloquentes: a AMX, dona da Claro, chega a US$ 87 bilhões, a Starlink, de Elon Musk e promovida oficialmente, chega a US$ 350 bilhões. O presidente Javier Milei acaba de se encontrar com Musk nos Estados Unidos, em um encontro que se repete em todas as viagens presidenciais àquele país.
A Telecom é detida em 40% pela Cablevisión Holding , acionista do Grupo Clarín; 40% da Fintech, do empresário mexicano David Martínez; e os 20% restantes estão listados nas bolsas de valores de Nova York e Buenos Aires.
A operação aproveitará a complementaridade territorial e de clientes de ambas as empresas e sua maior capacidade de investimento, possibilitando que suas soluções tecnológicas e serviços tenham a mesma qualidade para todos os clientes, independentemente da área onde estejam localizados.
A empresa está cumprindo as regulamentações e fazendo as devidas submissões regulatórias.
Nos próximos anos, US$ 1,245 bilhão serão somados a investimentos intensivos de capital focados na implantação e capilaridade da fibra óptica em todo o território de cobertura da empresa, juntamente com a implantação de sites móveis 5G nas mesmas áreas e a expansão de serviços de valor agregado, como vídeo sob demanda, Internet das Coisas, produtos corporativos, fintech, e-commerce, inteligência artificial e serviços em nuvem.
Desde 2017, a Telecom investiu US$ 6 bilhões em infraestrutura, garantindo a qualidade e a cobertura de suas redes de serviços na Argentina, Paraguai e Uruguai. A Telecom fornece serviços Personal, a rede de internet móvel da Telecom, que é a mais rápida do país e foi premiada pela Speedtext by Ookla por 5 anos consecutivos. É a primeira operadora de telefonia móvel da América Latina a conseguir esse feito.
Para esse nível de conectividade, são 8.000 pontos 4G e 265 pontos 5G espalhados pelo país. A rede de fibra óptica até a casa tem mais de 94.700 quilômetros em suas diferentes tecnologias, foi relatado.
Com base nesses dados, pode-se concluir que a Telecom Argentina é a empresa com maior investimento em infraestrutura no país nos últimos anos e, segundo fontes da empresa, está comprometida em continuar neste caminho de desenvolver uma rede com qualidade de serviço e confiabilidade tecnológica. Ela faz isso em um momento de crescente demanda local e global por esses serviços por parte de setores que exigem altos padrões de conectividade, desde a economia do conhecimento e inteligência artificial até o campo, indústria, energia, mineração, turismo, saúde e educação, que a empresa espera poder suprir.
A Telecom traz assim uma empresa como a Telefónica que estava saindo do país e impede que um processo de desinvestimento se acentue. "A intenção não é destruir, mas sim construir e fortalecer uma operação que estava enfraquecendo rapidamente", disseram fontes da empresa compradora.
Uma questão relevante é que a Telecom e a Telefónica são complementares em muitas de suas operações em termos de geografia e clientes , portanto não há concentração na maior parte do território argentino. Pelo contrário, diz-se que a operação melhorará imediatamente a qualidade do serviço e a cobertura nacional.
Mas há também uma multiplicidade de atores entre os que já existem e os que se juntaram e continuam a aparecer. Da Claro à Starlink ou à recentemente anunciada aliança entre a Amazon e a Direct TV. Na Internet existem outros players importantes como Telecentro, Iplan, cooperativas e empresas locais.
A estratégia das empresas ao redor do mundo é de alianças que buscam acordos cooperativos, compartilhamento de redes abertas, sinergias para ganhar eficiência e sustentar os altos níveis de investimento que a vida digital exige.
O Governo já se manifestou em diversas ocasiões a favor da entrada de operadoras estrangeiras de telecomunicações e da necessidade de investimento privado em infraestrutura, portanto, um investimento de US$ 1.245 milhões, mais os investimentos anuais multimilionários necessários, seria lido como algo favorável, de acordo com o ambiente das telecomunicações.
Havia preocupação com os planos da Telefónica de abandonar a América Latina, como ocorreu em outros países latino-americanos, o que enfraqueceu todo o setor. Essa compra pela Telecom, por outro lado, é vista nesses setores como um forte impulso.
Clarin