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Afluências indevidas: Um desafio para a sustentabilidade

Afluências indevidas: Um desafio para a sustentabilidade

A gestão eficiente dos recursos hídricos é uma necessidade premente, especialmente num contexto de alterações climáticas, onde os fenómenos extremos são cada vez mais recorrentes. O aumento das secas, das inundações e das variações nos padrões de precipitação tornam a água num recurso cada vez mais escasso, pelo que é fundamental implementar estratégias que contribuam para uma gestão mais sustentável dos recursos hídricos.

Apesar dos relevantes avanços registados na última década na gestão operacional dos sistemas de saneamento em Portugal, o nosso país está ainda aquém do que seria expectável, particularmente no que se refere à gestão de sistemas de drenagem de águas residuais, onde as afluências indevidas representam um desafio crítico e crescente.

As afluências indevidas correspondem à entrada de águas pluviais, infiltrações subterrâneas e ligações irregulares/ilícitas nas redes de drenagem de águas residuais, comprometendo a eficiência das infraestruturas e aumentando os custos operacionais.

O aumento excessivo dos volumes de água não residual a tratar faz disparar os custos de tratamento e impede uma operação sustentável, contribuindo para o desperdício de energia e emissões de carbono e contrariando assim os objetivos de descarbonização previstos na Nova Diretiva de Águas Residuais Urbanas (DARU) da União Europeia.

Com a recente revisão da DARU e o enquadramento do Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030 (PENSAARP 2030), a mitigação das afluências indevidas tornou-se ainda mais relevante. Estes instrumentos europeus e nacionais reforçam a necessidade de infraestruturas resilientes, eficientes e ambientalmente sustentáveis, com uma abordagem focada na otimização dos recursos e na proteção dos meios hídricos, o que exige um maior controlo sobre as afluências indevidas.

Este controlo, que interessa a diferentes atores e entidades – como municípios, entidades gestores, indústria ou as próprias pessoas –, possibilita a sustentabilidade do ciclo urbano da água e a proteção dos ecossistemas.

Para isso, há que implementar ferramentas de monitorização e controlo em tempo real, inspeção e soluções inovadoras, de forma a garantir sistemas de saneamento eficientes e preparados para os desafios atuais e futuros.

A transição para uma gestão mais inteligente (smart+wise) e sustentável do saneamento é urgente e depende de uma estratégia coordenada entre entidades públicas, privadas e a sociedade. Porque investir neste tema é investir em cidades mais resilientes, ambientes mais saudáveis e uma economia mais eficiente.

Especialista em Recursos Hídricos, Ambiente e Hidroinformática da Aquapor

sapo

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