Amanda Cotrim: Revolta e alegria com prisão de Kirchner retratam Argentina polarizada

Beatriz, de 85 anos, carregava um livro com o nome de Eva Perón na capa e com as fotos de Cristina Kirchner e do marido dela, o ex-presidente Néstor Kirchner. Segundo Beatriz, apoiar a ex-presidente é "inevitável". Assim como Gustavo, Beatriz diz acreditar na inocência da ex-mandatária. "O que estão fazendo com ela é uma injustiça. Mas Cristina voltará a ser presidente. Eu confio", disse a aposentada.
Os aposentados são o grupo que mais sofre os impactos das políticas de ajuste fiscal de Javier Milei. Todas as quartas-feiras, centenas deles protestam em frente ao Congresso Nacional por melhores pensões. A maioria das manifestações é reprimida pela polícia argentina. Em 12 de março, a repressão policial vitimou o fotojornalista Paulo Grillo, que ficou três meses em terapia intensiva depois de ser atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo.
Prisão de Cristina também foi celebradaPor outro lado, desde que Cristina teve a condenação confirmada pela Suprema Corte, argentinos contrários à ex-presidente festejaram a prisão e a impossibilidade de ela voltar a se candidatar.
Usuários da rede social X ironizaram a prisão e disseram que os militantes peronistas terão que ficar por seis anos na frente da casa da ex-presidente, em referência ao tempo da condenação de Cristina. Outro disse que a peronista é corrupta: "Amanhã, por causa da prisão da corrupta Cristina Kirchner, não haverá aulas em várias escolas de Buenos Aires", disse Jacob Dutt, nas redes sociais, referindo-se a paralisação de alguns setores do funcionalismo público, em repúdio a prisão da ex-presidente.
Um dos jornalistas mais conhecidos do país, Eduardo Feinmann, também celebrou a prisão da ex-presidente, durante o seu programa na rádio Mitre. "É para festejar", afirmou. Ele também ironizou que a ex-presidente estaria muito bem de saúde, indicando que ela não precisaria estar em prisão domiciliar. O jornalista também destacou que Cristina não está mais recebendo aposentadoria por ter sido ex-presidente. A pensão foi suspensa pelo presidente Javier Milei.
uol