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Book 2.0 está de volta e o cheque-livro será reforçado ainda neste ano

Book 2.0 está de volta e o cheque-livro será reforçado ainda neste ano

"Encontro de ideias e visões sobre o futuro dos livros, num momento marcado por grandes mudanças tecnológicas, sociais e culturais", o Book 2.0, iniciativa da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), já tem data marcada e agenda para esta terceira edição, como sempre com o Alto Patrocínio da Presidência da República, nos dias 3 e 4 de setembro. Na Fundação Champalimaud, onde também teve lugar o anúncio dos intervenientes nos painéis de debate e onde se incluem vários ministros da Educação europeus, Miguel Pauseiro, presidente da APEL, admitiu nesta tarde uma vontade forte de levar o evento além-fronteiras. E assumiu haver já passos dados nesse sentido.

Numa altura em que poucas pessoas leem, e com esse número a cair por toda a Europa, o Book 2.0 pretende ser um trampolim para conseguir trazer de volta o livro e a leitura ao palco principal que merece. E a APEL está empenhada em contribuir para essa onda. "Levar o evento a um país europeu é uma ambição", reconhece Miguel Pauseiro, assegurando estarem já a andar negociações nesse sentido. "O futuro da leitura em Portugal e mesmo além-fronteiras depende do que fizermos hoje e o Book 2.0 é o palco principal para essa vontade ganhar forma."

Uma vontade que ganha contornos de dever cívico, conforme explicou a ministra da Cultura, Juventude e Desporto, também presente na apresentação. "Leitura é acesso, é igualdade. Um país que valoriza o livro é um país que entende que educar não é transmitir conhecimento mas estimular o espírito crítico e a imaginação." Por reconhecer essa relevância, Margarida Balseiro Lopes aproveitou a ocasião para anunciar que o cheque-livro, iniciativa da sua antecessora na pasta da Cultura, vai voltar ainda neste ano e ainda mais forte.

A primeira edição desta medida de impulso à leitura, lançada no ano passado, foi prolongada até junho e neste momento, adiantou a governante, está em avaliação o resultado para que se possa "melhorar e chegar a cada vez mais pessoas, pelo país inteiro".

"Até ao fim do ano, avançará a segunda edição", já adaptada ao que forem as conclusões da DGLAB (Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas) sobre a iniciativa, assegurou a ministra, revelando vontade de melhorar o impacto desta medida com o aperfeiçoamento das condições e a amplificação do acesso. "E tudo aponta que será possível fazer um reforço do valor do cheque-livro", sublinhou ainda a governante, sem porém adiantar qual será a verba final.

Lançada pela anterior responsável da pasta, Dalila Rodrigues, a medida acabou por ter efeito limitado e mesmo com o prazo prolongado não foi muito além dos 20% de adesão. A própria ex-ministra reconhecera já as fragilidades de "uma boa medida" e tinha iniciado a revisão das condições com a APEL, nomeadamente o valor em causa, de 20 euros.

"No que respeita aos cheques-livro, foram emitidos 41.422 e só 28.908 foram utilizados, o que nos obriga a colocar interrogações. Fiz uma reunião com a APEL, nossa parceira, e estamos a fazer um trabalho de reflexão conjunto. Porque mesmo o número de emissões é baixo para o universo aplicável de jovens de 18 anos: são 220 mil potenciais utilizadores da medida e menos de um quinto foram emitidos", admitiu Dalila Rodrigues ao SAPO. Na mesma entrevista, a ex-ministra justificava a fraca adesão: "20 euros é um valor insignificante, não estimula a curiosidade e o interesse. Depois, lamentavelmente, nem sequer existem livrarias em muitos locais. Numa região fronteiriça, por exemplo, muitas vezes gasta-se o triplo desse valor para chegar a uma livraria onde se possa emitir e descontar o cheque-livro."

Fica agora a garantia reforçada por Margarida Balseiro Lopes de que as condições serão revistas. Mesmo porque, vinca a atual ministra, estimular a leitura é fundamental. "Ler é o que pode fazer a diferença na sociedade. Quando a tecnologia altera forma como aprendemos e comunicamos, temos de pensar a literacia para conseguirmos ter uma sociedade mais preparada e livre. Aprender a ler molda-nos e influencia-nos em qualquer idade."

"Mudaram os contextos, os meios e os hábitos, vivemos sempre com pressa e or estímulos breves", mas nada disto deve ser visto como uma ameaça: o que é preciso é olhar a tecnologia como um desafio capaz de nos abrir grandes oportunidades, que incluem expandir o acesso, aproximar leitores e autores, chegar a formatos novos", lembrou ainda Balseiro Lopes. Para a governante, a tecnologia pode fazer parte de uma equação em que os livros são fundamentais para formarmos uma "sociedade mais livre, informada e justa; isso passa pela literacia, pela leitura e pela educação".

Programa

Tendo neste ano como palco a Fundação Champalimaud, "um símbolo de excelência científica e tecnológica, destacando a interseção entre conhecimento e inovação", o Book 2.0, a que preside Silvia Pazos Rodríguez. "Debatemos como a inteligência artificial, a democratização do conhecimento, a sustentabilidade, a reinvenção dos espaços literários estão a transformar a nossa relação com os livros, inspirando soluções inovadoras e políticas para o futuro do setor e contribuindo para uma sociedade mais informada e preparada para os desafios atuais."

Em debate estarão temas como a alteração de paradigma trazida aos Direitos de Autor pelos avanços da Inteligência Artificial, a reinvenção da literatura e a sua influência na formação da sociedade, o valor do livro na saúde mental, a força da língua portuguesa no mundo, mas também as políticas públicas capazes de valorizar o livro.

O primeiro dia encerra-se com uma entrevista ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que tem sido um grande impulsionador desta iniciativa. Veja aqui o programa completo para os dois dias de Book 2.0.

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