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Cartas ao director

Cartas ao director

Mas que se passa neste país? Como é possível que, em poucos anos, o debate plural de ideias que é (ou era) apanágio da nossa democracia tenha dado lugar a esta cloaca odiosa, primária, fanatizada?

Refiro-me, obviamente, ao chorrilho de ofensas recebidas por José Pacheco Pereira (J.P.P.) – que ele elenca na sua última crónica – por defender valores inalienáveis de Humanismo. Não recebi procuração do historiador-cronista, naturalmente, mas sinto-me como se nesta hora todos fôssemos J.P.P....

Lemos e não se acredita: eis o nível mais baixo a que conduz a promoção do ódio. “Isto” que lemos está para além de todos os limites de liberdade de expressão e do direito legítimo de discordar: é bestialidade insana, apelo à violência em estado puro!

Eu, que tenho 72 anos e venho do tempo do salazarismo, que vivi o 25 de Abril com esperança num futuro melhor para todos, e que ao longo de meio século fiz do ensino e da prática da minha profissão (a História da Arte portuguesa e as Ciências do Património) as razões de ser de um caminho assente na partilha de saberes, sinto-me absolutamente frustrado. Como chegámos aqui?

Que fazer? O “efeito de matilha” destas manifestações de insanidade “antidemocrática, antiliberal, violenta e autoritária (e muito pouco portuguesa)”, diz J.P.P., tem de fazer soar os alertas do lado dos que defendem a elementar decência na Política e na Coisa Pública.

Exige-se mais a Aguiar-Branco e a quem devia velar melhor pelos mais elementares princípios...

Perante a campanha das extremas-direitas organizadas sob o signo do insulto fácil, só resta mesmo reforçar a defesa dos valores democráticos contra os promotores desta verdadeira cultura do ódio que cresce sob a capa da máxima cobardia dos perfis anónimos (quando não falsos) e, em último grau, do terrorismo contra pessoas e bens, usando ameaças infames (com cabeças de porco) ou, mesmo, armas letais...

Quando a agressão a um actor de teatro não colhe no Parlamento unanimidade na condenação, onde chegámos? E quando se insulta alguém como J.P.P. nestes termos inquisitoriais e pidescos, que dizer?

É a grande tarefa do presente: repor valores de decência e defender a sanidade da cidadania, e os princípios da Constituição, contra estes novos bárbaros.

Vítor Serrão, Santarém

Liberdade é responsabilidade

A filosofia política que pauta uma ordem democrática prescreve, dentro da tradição iluminista, uma actuação responsável na defesa pública de ideias livremente articuladas. Para além deste grau zero, uma perspectiva empática para com os seres indefesos sob protecção de um Estado de direito teria imediatamente detectado uma ruptura dos mecanismos de funcionamento do mesmo quando foram expostos no Parlamento os nomes de crianças que não se chamam Silva ou Santos (como foram esses nomes obtidos, alguém investigou?). Só no que foi aqui exposto já terão sido ultrapassadas duas linhas vermelhas. Dito isto, não devemos interrogar por que razão os deputados que (justamente) se indignaram com tal procedimento não se levantaram para sair, inviabilizando o funcionamento de uma Assembleia que acabara de ser assim desvirtuada? Teria sido uma atitude tão ou mais mediática que o carnaval da extrema-direita, que tem de ser tratada com firmeza. Desobediência civil, precisa-se!

Teresa Cadete, Lisboa

Mudar com uma tragédia

A morte de Diogo Jota e do seu irmão, num acidente rodoviário em Espanha na semana passada, justificou comoção. As perícias apontam o excesso de velocidade como uma das causas do desastre. Temos mesmo de falar do flagelo que é a sinistralidade rodoviária.

Segundo o Eurostat, em 2023, Portugal foi o sexto país da União Europeia com mais mortes na estrada por habitante. Entre 2014 e 2023, mais de seis mil pessoas perderam a vida em acidentes rodoviários neste país. Nas nossas estradas, assistimos diariamente a manobras irresponsáveis, ultrapassagens perigosas e velocidade excessiva, com muitos condutores alcoolizados ou que usam o telemóvel enquanto conduzem.

Apesar das campanhas de sensibilização, os resultados são insuficientes. É preciso reforçar a prevenção, envolvendo mais os média. E, como já sucede com as emissões poluentes, a legislação deve limitar a velocidade máxima que os veículos podem atingir. Não faz sentido que automóveis possam ultrapassar largamente os 200 km/h, quando não se pode circular a mais de 120 km/h…

Se assim for, esta perda lamentável terá ajudado a mudar alguma coisa.

Tomás Júdice, Lisboa

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