Eduardo Barroso é mandatário de Marques Mendes por Lisboa

Eduardo Barroso, cirurgião pioneiro, amigo de sempre de Marcelo Rebelo de Sousa e sobrinho de Mário Soares e Maria Barroso é o mandatário de Luís Marques Mendes em Lisboa. Barroso, que apoiou em eleições anteriores Mário Soares, Jorge Sampaio e Marcelo Rebelo de Sousa — e nunca votou PSD “na vida” — assume assim um cargo na campanha do ex-líder apoiado pelo PSD, apurou o Observador junto de fonte da candidatura.
À rádio Observador, o novo mandatário, que promete “vestir a camisola” por Marques Mendes, justificou a escolha. “O mundo está perigoso e Portugal também está numa fase de evolução democrática em que a minha preocupação é que possamos eleger um presidente que nos garanta a democracia”. Frisando sempre ser “insuspeito”, até porque é próximo do PS (ainda no ano passado deu contributos para o programa eleitoral de Pedro Nuno Santos) e nunca votou “PSD na vida”, Barroso frisa que esta não é uma eleição partidária nem para o Governo, mas unipessoal — e Marques Mendes tem o perfil que o deixa mais “tranquilo”.
“Eu sou um fundamentalista da competência e da especialização. Não concebo que possamos eleger um presidente que não seja político. Quero eleger um político, com experiência política, com conhecimentos jurídicos e de economia, de geopolítica, que tenha bom senso e seja um moderado e nos garanta a democracia”, defendeu. “Quero muito eleger alguém que garanta a democracia. [Luís Marques Mendes] tem a competência que garante nenhum outro candidato me garante”.
Nestas declarações ao Observador, o cirurgião reformado aproveitou para explicar porque é que não opta por votar no socialista António José Seguro. “Tenho simpatia por ele. Acho que não tem nenhuma hipótese de ser eleito”, disparou. “Até pensei que se tinha afastado da política e de repente aparece. Não antipatizo com ele, tenho a certeza de que é um democrata, mas faltam-lhe algumas características que vejo em Marques Mendes”, da “empatia muito grande” com a população à experiência política.
“Preocupa-me que a democracia num futuro mais ou menos longo possa estar em questão. E vou vestir esta camisola. Não sei estar na vida sem vestir camisolas”, prossegue, voltando a frisar que a opção de votar em Marques Mendes não tem a ver com as opções políticas que costuma tomar. “Ouvi amigos da minha área política e expliquei-lhes: não estamos a votar em partidos, mas na pessoa de cujo caráter e personalidade temos conhecimento. Sou insuspeito, continuarei a ter as minhas opções políticas noutras áreas”.
Quando ao outro candidato da área socialista que ainda pode aparecer — António Sampaio da Nóvoa, que deve tomar uma decisão sobre um possível avanço na corrida a Belém esta semana — nem seria opção para Barroso. “Nada contra Sampaio da Nóvoa, mas nunca votaria nele. Não tem o perfil, não tem empatia, não tem conhecimentos e experiência política”, dispara.
Para fazer a defesa de Marques Mendes, Barroso recorre mesmo à memória de Almeida Santos: “Penso que foi Almeida Santos que disse sobre o meu tio Mário: o país ensandeceu se não eleger Mário Soares. Neste momento, face às opções que temos, Marques Mendes é o garante dos valores fundamentais. Não é da minha área política? Quero lá saber”. Mais relevante, argumenta, é que seja um Presidente que o deixe “tranquilo” em relação ao futuro dos filhos e dos netos. Por isso, depois de pensar “um bocadinho” e de expressar as suas próprias dúvidas (“acha que eu posso trazer mais dez votos?”, terá perguntado, segundo o seu relato, a Mendes), decidiu ser um dos rostos da candidatura.
E Marques Mendes acredita nessas mais valias: “Ter uma pessoa com o prestígio profissional e a independência de Eduardo Barroso é uma honra”, elogia o candidato presidencial, numa declaração transmitida ao Observador.
O cirurgião e atual presidente da Comissão Nacional para os Centros de Referência junta-se assim a uma lista de mandatários que é, em grande parte, composta por independentes e pessoas com ligações ao meio académico — de Sobrinho Teixeira e Fontaínhas Fernandes ao presidente do Politécnico de Viseu, José Costa, o reitor cessante da Universidade da Beira Interior, Mário Raposo, ou o empresário de Leiria António Poças, além do social democrata António Carvalho Martins — que pertenceu à comissão política no consulado de Rui Rio.
observador