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Entrevista: Maria da Conceição Luzia Marcos Raposo – Presidente do Conselho de Administração da Fundação Família Luzia Esteves Pinheiro

Entrevista: Maria da Conceição Luzia Marcos Raposo – Presidente do Conselho de Administração da Fundação Família Luzia Esteves Pinheiro

“Dar à Malhada Sorda o valor que ela tem, tanto em termos patrimonial como cultural é o nosso objectivo”

Maria da Conceição Luzia Marcos Raposo, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Família Luzia Esteves Pinheiro, nasceu em França, filha de emigrantes naturais da Malhada Sorda, concelho de Almeida.

Fez a escola primária na Malhada Sorda, passou pelo Colégio da Cerdeira, pela Guarda e acabou em Lisboa na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

É uma apaixonada pela leitura, gosta de viajar. A natureza e o encontro com o Supremo são o seu porto de abrigo.

A GUARDA: As obras de recuperação e restauro da Igreja Paroquial de Malhada Sorda vão ser inauguradas no Dia de Corpo de Deus, 19 de Junho. Qual o programa que a Fundação Família Luzia Esteves Pinheiro tem preparado para esse dia?

Maria da Conceição: Os preparativos para a comemoração deste dia estão a ser efectuados em colaboração com os Mordomos do Senhor.

Teremos a missa da solenidade que se celebrará às 10.00 horas seguida de procissão por ruas que serão previamente enfeitadas pelos habitantes.

Às 18.30 horas teremos o concerto de inauguração com a Orquestra Clássica do Centro.

Honrar este espaço e os habitantes da Malhada com um momento musical extraordinário pareceu-nos ser adequado.

A parte musical da missa será também da responsabilidade de 5 elementos da Orquestra Clássica do Centro.

Teremos a transmissão em direto pela RTP1 o que é uma honra para a comunidade da Malhada Sorda e a sua diáspora.

A GUARDA: Em termos concretos em que consistiu este projeto de recuperação?

Maria da Conceição: Temos 4 componentes neste projecto:

– Restauro de toda a componente de arte sacra. Todos os elementos foram para o atelier da N-Restauros em Vila Nova de Gaia e foram sujeitos aos processos de recuperação específicos. Foi um processo moroso e muito delicado. Os frescos foram trabalhados in loco, como é lógico não havia alternativa.

– Reabilitação interior e exterior do edifício: aqui toda a igreja e envolvente foram sujeitos a uma análise específica com metodologias de ponta, usando métodos não intrusivos, como a prospeção geofísica e levantamentos fotogramétricos.

– Recuperação da torre sineira: aqui foi indispensável a estabilização da torre. Estava em muito mau estado. A limpeza de toda a fachada, o seu tratamento e a reabilitação de um espaço da antiga cadeia devolvem-nos uma torre digníssima.

– Recuperação e reabilitação do espaço envolvente a que chamamos Reduto: demos uma vida nova ao Reduto transformando-o num jardim das oliveiras. É um espaço que, agora, nos convida ao convívio e à meditação.

A GUARDA: Podemos dizer que foi um trabalho muito exigente, minucioso e dispendioso?

Maria da Conceição: Muito exigente, muito minucioso e muito dispendioso. Tudo foi devidamente analisado e acompanhado pelas especialidades e entidades competentes. Foram utilizadas metodologias de ponta que não fossem invasivas.

Na evolução da obra foram necessários vários ajustes devido a surpresas, umas boas outras menos boas. Mas tanto a Fundação como a equipa técnica, trabalhamos para devolver a este património toda a dignidade que é seu por direito.

A GUARDA: Como é que a equipa responsável pelo restauro lidou com a descoberta de alguns frescos nas paredes da Igreja?

Maria da Conceição: Esta descoberta gerou em todos uma emoção enorme. Como fazer a gestão desta surpresa? Não foi fácil.

Tivemos que pensar na recuperação e na preservação. Os elementos que recuperaram os frescos são de referência nacional a trabalhar estas áreas. O partilhar com todos esta descoberta era imperativo. Os malhadenses ficaram extremamente orgulhosos com a revelação da existência destes frescos. Estamos honrados pela Malhada ser possuidora deste trabalho na sua Igreja.

A GUARDA: Ou seja, a descoberta dos frescos veio enriquecer ainda mais o património religioso da Malhada Sorda?

Maria da Conceição: Essa foi uma das surpresas muito boas. A origem destes frescos está identificada em termos de intervalo temporal, entre final do século XV e início do século XVI. Mas o porquê destes fabulosos frescos estarem na nossa Igreja é um enigma por enquanto. Esta Igreja é numa primeira fase dedicada a S. João e a certa altura a dedicação passa para S. Miguel. O que motiva esta alteração? Que influências deram origem a esta mudança? Quem sabe um dia poderemos ter estas respostas.

A GUARDA: Agora que o trabalho está concluído como é que a Fundação e a Malhada Sorda pretendem divulgar e promover este património tão valiosíssimo?

Maria da Conceição: A pensar na promoção e permitir que fosse possível a visita, foi estabelecido um protocolo com o administrador da paróquia e com a Junta de Freguesia com o objectivo de viabilizar uma colaboração entre as duas partes. Noutra vertente a Fundação terá para futuros projectos a intenção de divulgação deste património. Analisaremos com as entidades responsáveis o melhor modus operandi.

A GUARDA: Com o termo das obras na Igreja Paroquial, a Fundação pretende avançar com mais algum projeto ligado ao património religioso?

Maria da Conceição: Gostaríamos de desenvolver mais alguns projectos, mas estamos dependentes de factores exteriores à Fundação. Dar à Malhada Sorda o valor que ela tem, tanto em termos patrimonial como cultural é o nosso objectivo. O património religioso é uma das grandes riquezas desta aldeia. Dar-lhe visibilidade está nas nossas vontades.

Jornal A Guarda

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