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Férias escolares: mais movimento, mais riscos?

Férias escolares: mais movimento, mais riscos?

As férias de verão são, para muitas crianças e adolescentes, sinónimo de liberdade, alegria e… muita energia para gastar. Depois de meses letivos com horários apertados, é natural que o corpo queira mexer-se mais, brincar mais, correr mais. E isso é ótimo — desde que venha acompanhado de alguns cuidados.

Ao longo dos anos, como médico, tenho observado um padrão recorrente: nos meses de férias, aumenta o número de jovens que nos procuram com lesões evitáveis. O motivo? O entusiasmo supera, muitas vezes, a preparação.

CORPOS EM CRESCIMENTO, CUIDADOS REDOBRADOS

Os corpos das crianças e adolescentes estão ainda em formação. As articulações, os músculos, os tendões… tudo está a crescer e a adaptar-se. Isso significa que algumas zonas — como os joelhos, os calcanhares ou as ancas — são especialmente sensíveis.

Entre as lesões mais comuns nesta fase encontramos:

  • Apofisites, como a conhecida doença de Osgood-Schlatter, que provoca dor no joelho em jovens muito ativos.
  • Tendinites por movimentos repetidos ou excesso de treino.
  • Entorses e fraturas por quedas ou brincadeiras mais intensas.
  • Lesões musculares associadas à fadiga ou falta de recuperação.

É importante reforçar que nem todas as dores fazem parte do crescimento. E nenhuma dor persistente deve ser ignorada.

PREVENIR TAMBÉM SE APRENDE

Prevenir lesões não é apenas uma questão médica — é uma questão educativa. E começa em casa e nos locais de prática desportiva.

Aqui ficam algumas recomendações simples que fazem uma grande diferença:

  • Avaliações médicas periódicas, especialmente para crianças muito ativas ou que praticam desporto de forma regular.
  • Treinos variados e ajustados à idade: insistir num só desporto desde cedo pode levar a desequilíbrios.
  • Ensinar os mais novos a ouvirem o seu corpo — e a partilharem quando algo dói.
  • Valorizar o descanso: os tecidos também precisam de tempo para recuperar e crescer em segurança.

O PAPEL DOS PAIS E TREINADORES

Enquanto médicos, precisamos de aliados fora do consultório. Pais atentos e treinadores conscientes são peças-chave na prevenção. Saber parar a tempo, ajustar os treinos, respeitar limites — tudo isto ajuda a evitar lesões e frustrações.

E, acima de tudo, é importante desmistificar uma ideia: nenhuma criança precisa de "aguentar a dor" para ser melhor atleta. Muito pelo contrário — quem cuida do corpo desde cedo, vai mais longe e com mais segurança.

CRESCER A BRINCAR… COM SAÚDE

As férias são uma oportunidade incrível para criar memórias felizes e fortalecer o gosto pela atividade física. Queremos crianças ativas, saudáveis e confiantes — não limitadas por lesões que poderiam ser evitadas.

Cuidar das articulações e dos músculos nesta fase é mais do que prevenir problemas físicos. É garantir que os mais novos crescem com gosto pelo movimento e com um corpo preparado para acompanhá-los em todas as aventuras.

Como costumo dizer: ensinar a prevenir é uma das formas mais bonitas de cuidar.

Especialista em Ortopedia e Traumatologia, Coordenador do Centro de Medicina e Traumatologia Desportiva HCUF Porto e Coordenador do Departamento de Saúde do FC Porto

sapo

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