PlatôBR: Brasil se prepara para abrir embaixada no Camboja, onde há 20 brasileiros

Mesmo com uma comunidade brasileira estimada em cerca de 20 pessoas e um déficit comercial acumulado que ultrapassa US$ 260 milhões desde 2020, o governo Lula decidiu avançar na abertura de uma embaixada em Phnom Penh, capital do Camboja. A missão diplomática foi oficialmente criada após a visita do chanceler Mauro Vieira ao país, em outubro de 2023, e terá no comando a diplomata Vivian Loss Sanmartin, sabatinada pela Comissão de Relações Exteriores do Senado em 28 de maio e aprovada pelo plenário da casa em 11 de junho. O nome da embaixadora já foi aceito pelo governo cambojano.
Apesar da nomeação, o posto ainda não entrou em funcionamento. Segundo o MRE (Ministério das Relações Exteriores), a embaixada só será ativada quando a embaixadora e uma segunda diplomata designada pelo Itamaraty estiverem fisicamente no país. Até lá, a representação brasileira no Camboja será acumulada pela embaixada em Bangkok, na Tailândia.
A criação da nova embaixada faz parte da estratégia do governo de ampliar a presença do Brasil no Sudeste Asiático, região considerada prioritária pela diplomacia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2024, o comércio bilateral do Brasil com a Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), bloco do qual o Camboja faz parte, superou US$ 37 bilhões, com superávit de US$ 15,5 bilhões, segundo o Itamaraty. O Camboja será o sexto país da região a contar com uma embaixada brasileira, ao lado de Indonésia, Malásia, Singapura, Vietnã e Tailândia.
Neste ano o Camboja instalou sua primeira missão diplomática na América do Sul, com a abertura da embaixada do país em Brasília. É a terceira do país em todo o país no Hemisfério Ocidental.
Comércio em alta, mas saldo negativoA balança comercial entre Brasil e Camboja tem sido consistentemente deficitária para o lado brasileiro. Em 2024, o fluxo de comércio entre os dois países chegou a US$ 125 milhões, valor recorde segundo o Itamaraty, com exportações brasileiras de US$ 26,1 milhões e importações de US$ 98,9 milhões – o déficit é de US$ 72,8 milhões.
Dados oficiais do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) mostram que o déficit tem sido uma constante ao longo dos últimos cinco anos. Desde 2020, o Brasil acumula saldo negativo superior a US$ 260 milhões no comércio com o Camboja. Em todos os anos do período, as exportações brasileiras permaneceram abaixo dos US$ 40 milhões, enquanto as importações aumentaram progressivamente, ultrapassando os US$ 75 milhões em 2023 e os US$ 98 milhões em 2024.
As compras do Brasil se concentram majoritariamente em produtos do setor têxtil, como camisetas e calças, enquanto as exportações incluem, em menor volume, itens como algodão, carne bovina e papel. De acordo com dados do governo federal, no ranking dos principais destinos das exportações brasileiras, em junho de 2025 o Camboja ocupava 128° lugar. No de importações, a 76º posição.
Mais embaixadasDe acordo com o MRE, assim como a embaixada em Phnom Penh, outras três representações diplomáticas brasileiras estão em fase de instalação: uma embaixada em Serra Leoa e outra em Ruanda, na África, e um vice-consulado em Cusco, no vizinho Peru.
IstoÉ