Possível ataque dos EUA ao Irão dá força ao dólar

Ao minutoAtualizado há 8 min • 09h59
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados desta quinta-feira.
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro seguem a registar agravamentos em toda a linha, em dia de vários anúncios de política monetária por bancos centrais. O Banco Nacional da Suíça reduziu os juros para 0% e espera-se que o Banco de Inglaterra e o Norges Bank mantenham as taxas em 4,25% e 4,5%, respetivamente. Ontem, a Reserva Federal norte-americana manteve os juros inalterados pela quarta sessão consecutiva.
Os juros da dívida portuguesa, com maturidade a dez anos, agravam-se em 3,3 pontos-base, para 3,030%. Em Espanha a "yield" da dívida com o mesmo vencimento sobe 3,5 pontos, para 3,159%.
Por sua vez, a rendibilidade da dívida francesa cresce 4,2 pontos-base para 3,252%. Já os juros das "bunds" alemãs, referência para a região, agravam-se em 3,1 pontos para 2,526%.
Fora da Zona Euro, os juros das "gilts" britânicas, também a dez anos, seguem a tendência sobem 3,6 pontos-base para 4,529% em dia de reunião do Banco de Inglaterra, e depois de se saber que o índice de preços ao consumidor (IPC) no Reino Unido ficou em 3,4% nos doze meses até maio, abaixo dos 3,5% de abril.
O dólar ganha força esta quinta-feira, com a moeda a recuperar o seu estatuto de ativo-refúgio, após uma período de menor interesse, resultante da política comercial dos EUA.
Agora, com a possibilidade do escalar do conflito entre o Irão e Israel e com um ataque dos EUA iminente, a "nota verde" valoriza, animada também pelos alertadas deixados ontem pela Reserva Federal dos EUA, que podem sinalizar um freio na flexibilização da política monetária.
Esta manhã o dólar valoriza face ao euro, ao iéne, à libra e ao franco suíço. O índice do dólar, que mede a força da "nota verde" face aos pares, avança 0,098% para 98,872 pontos.
Na quarta-feira, a Fed disse prever que o seu indicador preferido para a inflação – o índice de preços com despesas no consumo pessoal (PCE) - acelere para 3% este ano. Em março, a projeção apontava para 2,7%. A Fed mantve os juros inalterados pela quarta vez consecutiva, mas antecipa dois cortes para este ano.
O ouro segue a desvalorizar, apesar das crescentes tensões no Médio Oriente - como ativo-refúgio por excelência, o metal amarelo tende a valorizar perante cenários de incerteza geopolítica. No entanto, o ouro reage também aos alertas, deixados ontem pela Reserva Federal dos EUA, de que a inflação pode voltar a subir, o que dá força à ideia de menos cortes nas taxas de juro - uma redução da flexibilização monetária pode ser negativa para o ouro, que não remunera juros.
O metal amarelo recua ligeiros 0,16% para 3.363,86 dólares por onça.
A queda do ouro pode ser, no entanto, temporária, com os EUA a avaliarem a possibilidade de intervirem militarmente no conflito entre o Irão e Israel. As várias tensões internacionais, juntamente com o crescente apetite dos bancos centrais por ouro, já fizeram o metal precioso subir quase 30% este ano.
O petróleo valoriza depois de Israel ter atacado o reator nuclear de águas pesadas de Arak, no Irão. Isto depois de mísseis iranianos terem atingido um hospital no sul de Israel e locais nos arredores de Telavive.
O West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os EUA – ganha a esta hora 1,05% para os 75,93 dólares por barril. Já o Brent – de referência para o continente europeu – segue a valorizar 0,74% para os 77,27 dólares por barril.
Os EUA continuam a deixar em cima da mesa a possibilidade de lançarem um ataque ao Irão, o que tem feito oscilar os preços do crude. A grande preocupação para o mercado do petróleo centra-se no Estreito de Ormuz, ainda que, até agora, Teerão não tenha dado sinais de que pretende perturbar o transporte de crude por essa via - é por ali que passa cerca de um quinto do petróleo do mundo.
"Não consideramos que seja um cenário provável neste momento, mas dado o estado precário em que o regime do Irão se encontra, penso que toda a gente deve estar atenta" ao Estreito de Ormuz, disse à Bloomberg Mike Sommers, presidente do Instituto Americano do Petróleo.
jornaldenegocios