Tarifa de Trump golpeia indústria nacional e pode elevar preços nos EUA

A tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto representa um golpe forte para setores-chave da indústria nacional, como carne bovina, café e suco de laranja.
Segundo integrantes do governo ouvidos pela reportagem, a medida compromete a competitividade das exportações brasileiras para os EUA e cria riscos reais para produtores e cadeias produtivas, além de pesar no bolso do consumidor norte-americano.
O mercado dos Estados Unidos é estratégico para o país: o produtor brasileiro é o maior fornecedor do café tipo arábica — principal variedade consumida nos EUA, reconhecida por sua qualidade e maior valor comercial — ao consumidor norte-americano.
Três em cada quatro americanos consomem a bebida diariamente, e a maior economia do mundo não produz café em quantidade suficiente. Na prática, o consumidor “vai pagar a conta” pelo aumento da tarifa.
No caso da carne bovina, a situação é ainda mais delicada para os norte-americanos uma vez que o mercado vive um ciclo pecuário em baixa, o que eleva os preços internos.
O Brasil é o principal exportador de carne para os EUA. Só em abril, houve um aumento de 500% nas vendas de carne bovina in natura, industrializada, miúdos e produtos salgados para o país.
Para a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), a situação é grave e compromete até mesmo a segurança alimentar dos EUA.
O setor de suco de laranja, especialmente voltado para a Flórida, também deve sofrer fortes consequências. Para se ter uma noção, segundo dados do Agrostat, ferramenta de monitoramento do Ministério da Agricultura, só em 2024, o Brasil exportou 1,3 milhão de toneladas do produto para os EUA, gerando US$ 1,2 bilhão em receitas.
Além desses, outros segmentos importantes como celulose, madeira, óleos e minerais também enfrentam riscos com a medida, que pode levar a uma retração nas exportações e impacto negativo na indústria brasileira.
A avaliação geral é de que o consumidor americano vai sentir no bolso os efeitos da tarifa, com aumento nos preços de alimentos básicos, pressionando ainda mais o cenário inflacionário dos EUA e gerando efeito global.
Desta forma, a tarifa imposta por Trump, portanto, não atinge apenas a indústria nacional, mas pode provocar um efeito cascata que afeta os dois lados da relação comercial, ampliando riscos e incertezas para produtores e consumidores.
CNN Brasil