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Zona sul de SP vira 'condado chinês' com leva de empresas e restaurantes

Zona sul de SP vira 'condado chinês' com leva de empresas e restaurantes

Inaugurado em 2017, o EZ Towers, na zona sul de São Paulo, está entre os prédios de escritório mais valorizados (leia-se caros) do país. Na entrada da torre A do conjunto de dois edifícios, como é padrão, um painel lista as empresas instaladas no local. Dos 22 andares ocupados, 10 abrigam grupos chineses.

A presença de gigantes como Huawei, Hisense e GWM expõe uma tendência na região, que virou uma espécie de "condado chinês", com alta concentração de empresas do país, numa tendência reforçada nos últimos anos.

A Folha identificou pelo menos 44 multinacionais do país asiático com escritórios na área que compreende os bairros Itaim Bibi, Vila Olímpia, Brooklin e Cidade Monções. Um terço delas chegou depois de 2021, numa leva que trouxe principalmente grupos de tecnologia e de veículos elétricos.

Gigantes como as montadoras BYD e GAC, a trader de commodities Cofco, a companhia elétrica State Grid, a marca de celulares Oppo e a empresa de logística J&T Express estão instaladas na região.

"Tem um componente de imagem [nessa escolha], de mostrar o quanto elas são grandes e, por isso, vão ficar onde estão as maiores empresas do país", afirma Daniel Lau, que presta assessoria para companhias chinesas no Brasil.

As primeiras grandes empresas chinesas a se instalarem no Brasil, ainda nos anos 1990, escolheram a avenida Paulista e ruas ao redor, no Paraíso. A região ainda mantém mais de uma dezena escritórios, como o do Bank of China e o da gigante de tecnologia Didi, dona da 99.

A maioria das empresas, porém, migrou para a zona sul da cidade. Independentemente do local em que estão instalados, os escritórios seguem o padrão das empresas globais chinesas com, em média, 20% dos funcionários "importados". A chegada dos expatriados impulsionou outro negócio no entorno dos prédios comerciais: o de gastronomia.

Uma área que compreende aproximadamente seis quadras no Brooklin virou um polo de restaurantes com culinária de diferentes regiões da China. Isso começou há cerca de sete anos quando, em 2018, Renato Yang decidiu deixar o emprego de cozinheiro no refeitório da Huawei para abrir o seu negócio.

Ele e sua esposa, Rita Yang, também chinesa e rebatizada com nome ocidental, viram na chegada de outros expatriados na região uma oportunidade. Havia cada vez mais compatriotas insatisfeitos com a culinária local e com saudades dos temperos asiáticos.

A dupla abriu o Lanzhou, restaurante batizado com o nome da cidade natal deles, no oeste do país. Por quase cinco anos, a casa reinou sozinha, mas a chegada de dezenas de empresas após a pandemia fez florescer a concorrência.

Desde 2023, quatro novos restaurantes de proprietários chineses foram inaugurados ao redor do Lanzhou. Numa quarta-feira de maio à noite, a reportagem da Folha presenciou todas cheios, contrastando com outros bares e restaurantes vazios na região.

"O movimento é mais forte no início da noite, a partir das 18h", afirma Alex Wu, que há seis meses abriu o Xiang Man Yuan. Tradicionalmente, os chineses jantam cedo e preferem a última refeição do dia para confratenizar com os colegas do trabalho, explica o proprietário.

Há 20 anos no Brasil, ele trabalhou com comércio antes de abrir a casa, que serve comida cantonesa. No restaurante de Wu, assim como nos outros quatro, mais de 90% das mesas eram ocupadas por chineses, alguns ainda com crachás da Oppo, BYD e Huawei no pescoço.

O dono diz que no horário do almoço mais brasileiros aparecem, mas a maioria ainda é de imigrantes com saudade da comida de casa.

Na região, outro setor que comemora a chegada dos chineses é o imobiliário. Dois gerentes de vendas consultados pela Folha relataram houve um boom na procura por parte de expatriados, que optam por apartamentos na Chucri Zaidan, Chácara Santo Antônio e Cidade Moções.

Eles já representariam 1 em cada 5 vendas na região. Exigem, segundo corretores, que o imóvel seja perto do escritório. Como não há trabalho remoto nas empresas em que trabalham os expatriados, o deslocamento diário é a prioridade para quem quer fugir do trânsito paulistano e se queixa da oferta deficitária de transporte público.

uol

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