Obama: o Nobel da Paz Prematuro e o Paradoxo da Guerra

Em 2009, Barack Obama recebeu o Prémio Nobel da Paz, apenas nove meses após assumir a presidência dos Estados Unidos.
O Comité Norueguês, posteriormente, reconheceu que a decisão foi prematura, concedida com base nas suas promessas de reforçar a diplomacia internacional e promover um mundo sem armas nucleares.
Contudo, durante o seu mandato, Obama acumulou um verdadeiro recorde negativo de ações controversas: intensificou guerras em Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria desde o primeiro até ao último dia de mandato; autorizou mais de 500 ataques de drones, causando cerca de 3.800 mortes, incluindo centenas de civis, muitas vezes descritas como “danos colaterais”; deportou cerca de 3,2 milhões de imigrantes, separando famílias e causando traumas profundos; prometeu fechar a prisão de Guantánamo por ser imoral e contrária aos direitos humanos, mas manteve-a aberta e até expandiu sua capacidade em algumas fases; lançou mais bombas num ano civil do que qualquer outro presidente dos EUA na história. A actual diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, divulgou documentos desclassificados que, segundo ela, demonstram como a administração Obama teria manipulado dados de inteligência para descreditar a vitória de Donald Trump e minar sua presidência.
Todas estas ações contrastam brutalmente com a imagem de pacificador que o Nobel parecia celebrar. Em relação à cobertura mediática, Obama foi frequentemente retratado como um líder carismático e admirado, quase como uma figura romantizada enquanto críticas semelhantes a outros presidentes, como Donald Trump, são amplamente divulgadas. Se o mesmo escrutínio aplicado a Trump fosse estendido a Obama, talvez a opinião pública fosse mais crítica em relação às suas ações.
Cada vez mais, somos meros peões moldados pela narrativa dominante, aplaudindo ou condenando líderes conforme a história que nos vendem. O discurso de ódio, claro, só existe quando alguém desafia a narrativa oficial caso contrário, as ações mais polémicas e mortais podem ser rotuladas como “necessárias” ou “estratégicas”. Em última análise, a lição é clara: o Nobel da Paz na figura de Obama não garantiu de todo moralidade, e a retórica de paz não substitui ações concretas. A verdadeira paz e liderança responsável só se medem pelos efeitos tangíveis das políticas, pelo respeito pelos direitos humanos pelo valor da vida civil, e não pelo brilho de prémios ou pela cobertura mediática que transforma guerras em glamour.
Como escreveu Immanuel Kant: “Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio.”
observador