BRICS. Brasil defende novos modelos financeiros

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu esta sexta-feira a criação de um novo modelo de financiamento para países em desenvolvimento e a crise climática, na abertura da décima reunião do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).
” É preciso que a gente reeduque as instituições de Bretton Woods de que não é possível continuar no século XXI com a mudança que aconteceu na geopolítica, com a mudança que aconteceu no clima, tratando a questão de financiamento do mesmo jeito. Não é possível que o continente africano deva 900 mil milhões de dólares e o pagamento de juros, muitas vezes, seja maior do que qualquer dinheiro que eles tenham para fazer investimentos”, disse Lula da Silva no discurso na abertura do evento.
“Ou nós discutiremos uma nova forma de financiamento para ajudar os países em vias de desenvolvimento e os países mais pobres da África, da Ásia e da América Latina, ou esses países vão continuar pobres por mais um século, ou mais do que um século”, acrescentou.
A reunião ocorre na cidade do Rio de Janeiro, que também sediará este fim de semana uma cimeira de líderes do BRICS, grupo de países emergentes fundadores do NBD.
Atualmente o BRICS é formado pelo Brasil, Rússia, Índia e China, África do Sul, Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia, o Irão, Indonésia e a Arábia Saudita.
Lula da Silva enfatizou que o NDB, criado durante uma cimeira do BRICS realizada em Fortaleza em 2014, tem-se mostrado um fórum financeiro multilateral inclusivo que pode fazer avançar novos formatos de financiamento.
O Presidente brasileiro citou a necessidade de caminhar para um sistema financeiro mais independente e realçou que o fortalecimento do uso de moedas locais tornou-se um ponto de destaque do banco dos BRICS.
“É fundamental que os países-membros utilizem suas próprias moedas nas operações financeiras, como já fazemos com 31% dos projetos financiados pelo banco”, afirmou Lula da Silva, salientando que essa é uma característica que diferencia o NDB das demais instituições financeiras.
Lula da Silva também expressou a sua preocupação com os países com florestas tropicais, como o Congo, a Indonésia e a Amazónia, e reiterou a necessidade de apoiar as populações e comunidades indígenas que protegem esses recursos.
Nesse sentido, a ex-Presidente brasileira e atual presidente do NDB, Dilma Rousseff, afirmou, no mesmo evento, que o financiamento climático, “mais do que uma simples promessa, deve ser um mecanismo concreto de adaptação, transição energética e resiliência”.
O NDB, mais conhecido como Banco dos BRICS, é uma instituição financeira multilateral criada pelos países fundadores do bloco (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países-membros e em outras economias emergentes.
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