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Da tentativa de silenciar quem defende a Vida e a Família

Da tentativa de silenciar quem defende a Vida e a Família

1 Um grupo que se intitula Fórum do Parlamento Europeu para os Direitos Sexuais & Reprodutivos (que, apesar do nome pomposo, é apenas um grupo de pressão, constituído por eurodeputados que defendem o aborto e a agenda LGBT), apresentou aquilo a que chamou um relatório, com o título “A Próxima Onda: Como o extremismo religioso está a recuperar o poder”. O panfleto, que à custa do nome pomposo se faz vender por €25, aparenta não passar de uma forma de pressionar qualquer pessoa com o mínimo de exposição ou associação (política ou não) que tenha a ousadia de ser pela vida ou contra a ideologia de género. Entre os visados do “relatório” está, por exemplo, Eduard de Habsburgo, Embaixador da Hungria junto da Santa Sé, que se atreveu a escrever um livro com conselhos piedosos, ou o grupo 40 Dias pela Vida, que tem a ousadia de rezar pelo fim do aborto.

Qualquer pessoa normal poderia questionar-se por que razão (e com que fundos) um grupo de eurodeputados usa o seu tempo, assim como o seu poder, não apenas para espiar pessoas e associações cujo único “crime” é discordarem deles, mas também para acusar os seus adversários políticos de serem uma ameaça ao progresso social (linguarejar que bem conhecemos, e que serviu, diga-se de passagem, de desculpa para muitas purgas em alguns dos países que hoje integram a União Europeia).

2 Infelizmente, a jornalista do Público que decidiu fazer da notícia chamada de capa, assim como os jornalistas que a seguir a reproduziram, não vêem qualquer problema nas actividades deste grupo de eurodeputados. Reproduzem tudo o que estes afirmam, sem por um momento se questionarem que legitimidade têm estas pessoas para vigiar e atacar cidadãos europeus cujo único crime é discordarem deles.

Aliás, as notícias publicadas sobre o tema assumem todas as dores deste relatório e fazem grandes paragonas com uns supostos três milhões de euros doados por “grupos extremistas” que colocariam em causa direitos fundamentais. Que direitos são esses, não fica claro, uma vez que o aborto não é um direito – quanto mais fundamental – nem na legislação nacional, nem na legislação comunitária.

Mais grave ainda, e aqui começa a violação clara dos deveres jornalísticos, é que em momento algum a jornalista do Público, nem os seus colegas que seguiram a notícia, explicam o básico: a) quem são os tais grupos extremistas? b) quem recebeu os tais três milhões de euros? As notícias limitam-se a reproduzir a “acusação” (entre aspas, porque doar dinheiro para a defesa da vida, da família e da liberdade de educação não me parece grande acusação), sem nunca a fundamentar. O número aparece magicamente e nunca é explicado.

O único exemplo dado na notícia original é o Vida Norte, que teria recebido 1,5 milhões de euros nos últimos cinco anos. Infelizmente a senhora jornalista, em momento algum, falou com esta associação para confirmar os factos, e pior: nem sequer se deu ao trabalho de conhecer a acção desta associação. Teria sido fácil descobrir que o Vida Norte não tem qualquer actividade política, desenvolvendo apenas um trabalho social extraordinário no apoio a grávidas e às suas famílias – um trabalho que, só no último ano, permitiu ajudar mais de 400 mulheres. Todas estas informações são públicas, e teria bastado à senhora jornalista fazer um pouco de investigação para o descobrir. Mas, aparentemente, para a jornalista em questão, uma peça de propaganda política é suficiente para fazer acusações num jornal nacional, sentindo-se por isso dispensada da bagatela de confirmar os factos.

Mas isto explica apenas 1,5 milhões do tal dinheiro de associações extremistas (que nunca são identificadas), faltando ainda metade do montante que é afirmado em grandes letras no título. Infelizmente, parece que a jornalista não descobriu para onde teria ido o resto do dinheiro, nem sentiu qualquer necessidade de confirmar se ele sequer existia. Bastou-lhe o que estava escrito no “relatório” de um lobby político para fazer uma “notícia”.

3 Se há extremismo que parece estar a crescer, ao lermos as notícias sobre este “relatório”, é o dos movimentos políticos a favor do aborto e da agenda LGBT. E cresce de tal forma que têm acesso não apenas a órgãos de poder, como o Parlamento Europeu, mas também à comunicação social, que reproduz tudo o que dizem sem sentir qualquer necessidade de cumprir os mínimos da sua profissão.

Infelizmente, em Portugal, este extremismo já se tem feito sentir nos últimos anos. Não apenas nas iniciativas políticas, mas também ao nível da comunicação social. Sobre isto, permitam-me contar uma breve história.

Todos os anos se organiza em Portugal a Caminhada pela Vida, da qual sou coordenador, em várias cidades do país. Um evento que reúne alguns milhares de pessoas em várias capitais de distrito, e que conta sempre com alguma cobertura noticiosa: menos do que desejaríamos, mas ainda assim alguma.

Este ano, em Lisboa, esteve presente na Caminhada uma equipa de reportagem da RTP. Recolheu declarações no início, acompanhou-nos durante o percurso (a certa altura chegámos a parar para que a equipa entrevistasse um dos jovens que levava a faixa da frente) e gravou as intervenções finais. Um trabalho de mais de duas horas, numa manifestação com mais de dois mil participantes, sobre um tema que tem tido bastante espaço mediático.

Para nosso espanto, nem um minuto de reportagem passou na RTP. Nem no dia, nem nos dias seguintes, nem na RTP1, nem em nenhum dos outros canais. Qual a razão de não ter passado? Como se justificam horas de trabalho, para depois ignorar o evento? Por que razão a televisão pública “silenciou” milhares de manifestantes, em todo o país, sobre um dos temas que estava em debate na sociedade? Não sabemos, mas conseguimos suspeitar.

4 O objectivo deste tipo de “relatórios”, assim como dos “jornalistas” que os reproduzem sem qualquer filtro, enquanto ignoram as iniciativas do povo pró-vida, é claro: condicionar o debate público. Alertam para o crescimento do extremismo, não se importando, pelo caminho, de tentar silenciar qualquer oposição à sua agenda. Falam de ameaças à democracia, enquanto se tornam, elas próprias, naquilo que dizem temer.

Jurista

observador

observador

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