Donald Trump na Escócia com golfe, diplomacia e polémicas

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inicia esta sexta-feira uma visita privada de quatro dias à Escócia, combinando atividades políticas com interesses pessoais. A visita, classificada oficialmente pela Casa Branca como “trabalho diplomático“, é uma tentativa, segundo fontes próximas de Washington citadas pela Reuters, de atenuar a pressão mediática sobre o escândalo Epstein que ameaça fragilizar o segundo mandato do líder norte-americano.
Trump planeia visitar o seu resort de Turnberry, na costa leste da Escócia, onde irá permanecer até segunda-feira, dia em que está agendado um encontro com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Segundo Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, o objetivo do encontro é “refinar os termos históricos do pacto económico EUA-Reino Unido”. Fontes próximas do executivo de Starmer relataram que o britânico tentará avançar com uma proposta para a redução das tarifas sobre o aço.
Entre os temas prioritários da reunião bilateral estarão, também, o conflito na Ucrânia e a crise humanitária em Gaza. O chefe do governo britânico alertou, esta semana, para o “sofrimento indescritível” da população palestiniana e exigiu a entrada imediata de ajuda humanitária no enclave.
Depois da reunião com Starmer, o líder norte-americano deslocar-se-á para a sua propriedade em Balmedie, perto de Aberdeen, onde irá participar na inauguração de um novo campo de golfe. O espaço, segundo o comunicado oficial, presta homenagem à sua mãe, Mary Anne MacLeod, natural de uma ilha escocesa.
Durante a sua estadia em terras escocesas, Trump deverá ainda encontrar-se com o primeiro-ministro da Escócia, John Swinney, crítico declarado da política norte-americana e apoiante da candidata democrata Kamala Harris nas eleições presidenciais de 2024. No entanto, nenhum dos gabinetes confirmou a realização do encontro.
Esta visita internacional acontece num momento politicamente delicado para Donald Trump. A gestão da Casa Branca sobre os documentos e investigações relacionados com o caso Epstein, nomeadamente as circunstâncias pouco claras da sua morte em 2019 numa prisão de Nova Iorque, tem gerado críticas generalizadas, inclusive entre apoiantes do movimento MAGA (Make America Great Again). De acordo com a Reuters, sondagens recentes indicam que uma maioria significativa dos americanos, incluindo eleitores republicanos, acredita que o governo está a ocultar informações relevantes sobre o caso.
Estão previstas manifestações em Aberdeen e em Edimburgo no sábado, numa altura em que os níveis de popularidade do Presidente norte-americano continuam baixos no país. De acordo com uma sondagem da Ipsos realizada em março, 70% dos escoceses têm uma opinião negativa de Trump.
Os protestos obrigam as autoridades escocesas a planear a maior operação de segurança desde a morte da rainha Isabel II, em setembro de 2022. “A Polícia da Escócia tem muita experiência em termos de organizar e planear eventos e operações desta escala”, disse a subchefe Emma Bond à Sky News, acrescentando que “esta é uma operação significativa para nós, focada em manter a segurança pública, equilibrar os direitos das pessoas aos protestos pacíficos e garantir que minimizamos a disrupção para as comunidades”.
O Presidente norte-americano irá regressar ao Reino Unido em setembro, entre os dias 17 e 19, para uma visita de Estado formal a convite do rei Carlos III.
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