Funchal. Violência doméstica e bullying preocupam município

Um estudo de caracterização dos jovens e das famílias do concelho do Funchal, realizado em 2024, indica que 25% dos inquiridos sofre de violência doméstica e 30% de bullying, percentagens que preocupam o município.
O estudo, realizado pela Universidade do Porto e pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), em parceria com o município, foi adaptado em livro e esta terça-feira apresentado na sala da Assembleia Municipal do Funchal.
A presidente da UMAR, Joana Martins, explicou que foram inquiridas cerca de 900 pessoas, tanto adultos, como jovens, tendo sido incluídas na investigação variáveis como a segurança, a violência, o bullying, a saúde mental, a conciliação familiar e profissional, o tempo que os jovens passam com os pais e na internet, entre outras.
A responsável considerou que deveriam ser feitos mais estudos deste género, salientando que, face ao último que a associação realizou, em 2025, registou-se “uma evolução negativa” em relação à violência doméstica e ao bullying.
“Temos 25% das pessoas a dizer que sofrem violência doméstica no Funchal, temos também o bullying com uma percentagem bastante elevada, 30%“, indicou.
“Achamos que estas percentagens carecem de estudos mais pormenorizados para chegar a mais pessoas e perceber mesmo a realidade, porque achamos que há muitos números que não são conhecidos”, reforçou.
Joana Martins destacou, por outro lado, a segurança, referindo que, “apesar de haver alguma noção de insegurança em algumas áreas […], no geral as pessoas sentem-se seguras no Funchal”.
“O que acabou por ser um bocadinho surpreendente para nós, mas é algo positivo”, acrescentou.
Relativamente à vida familiar e profissional, a presidente da UMAR assinalou que “há uma ligeira melhoria no que diz respeito à partilha das tarefas domésticas”, ressalvando que achava que haveria uma evolução maior nesta matéria.
A vereadora com o pelouro do Apoio Social, Helena Leal, também explicou a importância e os objetivos do estudo, realçando que os números do bullying e da violência doméstica são os que mais inspiram preocupação.
“Preocupam-me aqui algumas questões relacionadas, por exemplo, com o bullying e com as questões de violência doméstica, que não são efetivamente novidade, mas que vêm também aqui alertar para uma preocupação que deverá ser de todos e na qual também o nosso município se deve incluir”, disse.
A autarca ressalvou, porém, que estas áreas de intervenção não são da total responsabilidade do município, mas sublinhou que a Câmara tem feito trabalho na área da prevenção junto dos mais novos e dos mais velhos.
“E tem sido essa a nossa preocupação e os estudos servem para isso, para mapear, para nos alertar para áreas que deverão ser alvo de atenção, mas também para validar algum trabalho que tem sido feito e para sabermos que existem caminhos que estão a ser bem trilhados e que devem continuar a ser feitos dessa mesma forma”, apontou.
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