Helicóptero: Governo remete explicações para INEM

O Ministério da Saúde remete para o INEM quaisquer esclarecimentos sobre a atuação dos helicópteros de transporte de doentes no caso do paciente que demorou mais de cinco horas a ser levado da Covilhã para Coimbra.
“Esclarecimentos sobre os helicópteros devem ser pedidos ao INEM”, disse ao Observador fonte oficial do Ministério da Saúde.
No domingo, o diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Álvaro Almeida, também já tinha remetido para o INEM as responsabilidades sobre este caso, ao mesmo tempo que colocara sobre o Ministério da Saúde a competência para responder sobre as questões relacionadas com os concursos para o helitransporte.
“A questão do transporte pré-hospitalar não é uma competência da Direção-Executiva”, disse Álvaro Almeida numa entrevista à CNN Portugal. “Portanto, sobre esse assunto não tenho nada a dizer, porque isso é uma questão que tem de ser colocada ao INEM, que é quem tem essa responsabilidade.”
SNS remete para INEM responsabilidade na demora na transferência de doente
Perante a insistência do jornalista de que o Governo tem a responsabilidade pelos concursos relacionados com os helicópteros, Álvaro Almeida reiterou: “Mas eu não sou o ministro, não sou o Governo.” Na mesma entrevista, disse mesmo não ter “nada a ver com esse contrato”.
O caso, noticiado inicialmente pela SIC Notícias, aconteceu no sábado. Um homem de 48 anos sofreu um acidente de trotineta em Paul, nas proximidades da Covilhã, e foi socorrido no local pelos bombeiros, que o transportaram para a Covilhã.
Ao final do dia, a equipa médica que o avaliou concluiu que o doente teria de ser transferido para o serviço de neurocirugia do hospital de Coimbra, devido à gravidade do traumatismo craniano. Os dois hospitais começaram os contactos pelas 20h e, duas horas depois, os bombeiros foram chamados para tratar da transferência entre hospitais.
A partir daí, começaram os problemas. O serviço de helitransporte já foi adjudicado à empresa Gulf Med, mas, até que o contrato receba o visto do Tribunal de Contas, a Força Aérea Portuguesa está a assegurar o helitransporte noturno. O grande problema, porém, é que o helicóptero que foi acionado na noite de sábado, um EH101 Merlin da Força Aérea, era demasiado grande para aterrar no heliporto do hospital da Covilhã.
Por isso, como disse à SIC Notícias o comandante dos bombeiros da Covilhã, Luís Marques, foi pedido que o doente fosse transportado para o aeródromo de Castelo Branco.
“Foi acionada uma ambulância de emergência com uma equipa médica do hospital que fez o transporte da vítima para o aeródromo de Castelo Branco, onde já estava helicóptero da Força Aérea para transferir o doente para Coimbra”, disse o responsável.
O helicóptero seguiu para Coimbra, mas teve de aterrar em Cernache do Bonjardim e depois ser transportado de ambulância para o hospital. No total, o paciente demorou cinco horas a percorrer o caminho entre os dois hospitais — um percurso que seria feito em menos tempo se fosse totalmente realizado por via rodoviária.
Se os helicópteros ligeiros da Gulf Med já estivessem totalmente operacionais, o transporte teria sido feito diretamente entre os dois hospitais em cerca de uma hora e meia — e o paciente teria tido contacto com menos equipas médicas diferentes. No final, o doente já só deu entrada nos cuidados intensivos do hospital de Coimbra pelas 8h de domingo.
Na entrevista à CNN Portugal, o diretor executivo do SNS explicou que a decisão de levar o doente para um hospital diferente se enquadra no funcionamento normal em rede dos hospitais portugueses.
“A rede hospitalar do SNS, como acontece em todo o mundo, tem vários níveis. Há hospitais de proximidade e há hospitais mais diferenciados. Determinados casos só podem ser tratados em hospitais diferenciados. Portanto, o que terá acontecido neste caso, que eu não conheço, é que o hospital da Covilhã entendeu que a gravidade do assunto exigia a intervenção de um hospital mais diferenciado, nomeadamente o hospital de Coimbra”, explicou.
observador