Mais de um quarto da população em risco de pobreza

Mais de um quarto da população em risco de pobreza em Portugal (25,9%) encontrava-se em sobrecarga com despesas de habitação no ano passado, revelou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento mostraram uma melhoria das condições físicas de habitação, com a taxa de sobrelotação a diminuir para 11,2% e a taxa de privação severa das condições de habitação a diminuir para 4,9%.
Em ambos os indicadores, a maior carência habitacional afetava principalmente as famílias com crianças dependentes e as famílias em risco de pobreza. As regiões autónomas apresentavam condições habitacionais mais desfavoráveis, enquanto as regiões do Centro e do Oeste e Vale do Tejo surgiam com melhor desempenho.
Em contrapartida, registou-se um agravamento nas condições financeiras associadas à habitação em relação a 2023, quer em termos da carga mediana das despesas em habitação (que aumentou para 12,0%), quer no que respeita à taxa de sobrecarga das despesas em habitação (que subiu para 6,9%).
“A proporção de pessoas que viviam em condição de privação habitacional diminuiu”, assinalou o INE.
“À semelhança dos anos anteriores, o risco de viver numa situação de insuficiência do espaço habitacional era mais significativo para a população em risco de pobreza: 17,3% da população em risco de pobreza estava em condição de sobrelotação habitacional, o que compara com 10,0% para a restante população”, especificou.
Em 2024, a sobrelotação das habitações afetava principalmente a população mais jovem (19,9% para o grupo etário até aos 17 anos), diminuindo com a idade (12,1% para a população dos 18 aos 64 anos e 3,1% para os idosos).
A sobrelotação era também mais elevada nas áreas predominantemente urbanas, onde afetava 12,8% da população.
A taxa de sobrelotação da habitação era inferior à média nacional (11,2%) apenas nas regiões do Centro e do Oeste e Vale do Tejo: 5,9% e 6,3%, respetivamente. Pelo contrário, aquela condição era mais frequente nas Regiões Autónomas: 16,2% nos Açores e 19,4% na Madeira.
“Verificou-se ainda que 36,6% da população vivia em situação de subocupação da habitação, ou seja, em alojamentos em que o número de divisões habitáveis era superior ao que se convencionou ser necessário para o número e o perfil demográfico dos membros da família”, observou o INE.
Esta situação verificava-se sobretudo entre a população mais idosa (58,6%) e em famílias sem crianças dependentes (50,2%). No ano transato, 4,9% dos residentes viviam em privação habitacional severa, o que corresponde a uma redução em relação a 2023 (6,0%).
Esta condição afetava principalmente a população em risco de pobreza (10,1%), os menores de 18 anos (8,7%) e os residentes em áreas predominantemente urbanas (6,6%).
“Tal como observado para a taxa de sobrelotação da habitação, as Regiões Autónomas apresentavam as taxas de privação severa das condições de habitação mais elevadas: 9,5%, nos Açores, e 10,3%, na Madeira”, segundo a mesma fonte.
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