Rússia: países europeus não contribuem para a paz

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A Rússia acusou hoje os países europeus de participarem indiretamente na guerra contra a Rússia ao fornecerem armas à Ucrânia e advertiu que tal comportamento não contribui para uma solução pacífica do conflito.
“Vemos que a Europa está indiretamente envolvida e que o fornecimento de armas [à Ucrânia], de uma grande variedade de sistemas de armas e munições, continua”, disse o porta-voz do Kremlin (Presidência). Para o Kremlin, “trata-se de uma participação indireta na guerra contra a Rússia”, afirmou Peskov na conferência de imprensa telefónica diária, citado pela agência de notícias espanhola EFE. Peskov também criticou as declarações do chanceler alemão, Friedrich Merz, na terça-feira, de que já não existe qualquer limitação ao alcance das armas ocidentais fornecidas a Kiev. “É claro que este comportamento dos europeus não ajuda em nada a resolução pacífica”, acrescentou.
Peskov condenou a intensificação dos ataques ucranianos com drones em território russo, afirmando que também não facilitam o progresso do processo de paz. O Ministério da Defesa russo acusou a Ucrânia de ter aumentado o número de ataques com drones e rockets produzidos pelo Ocidente contra infraestruturas civis em território russo desde 20 de abril. Peskov também desvalorizou críticas recentes do Presidente norte-americano, Donald Trump, ao homólogo russo, Vladimir Putin, e disse que não afetarão a planeada troca de prisioneiros russo-americanos.
Face à intensificação dos ataques contra a Ucrânia enquanto tenta mediar um acordo de paz, Trump afirmou no domingo que Putin “ficou completamente louco”. “É claro que os lados russo e norte-americano não podem concordar em tudo”, comentou Peskov, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP). “Mas há uma vontade política de implementar os acordos alcançados (…), e nós apreciamos muito essa vontade mútua”, acrescentou. Um conselheiro presidencial russo anunciou após uma conversa telefónica entre Putin e Trump, em 19 de maio, que as duas partes estavam a preparar uma nova troca de prisioneiros. A Rússia prendeu vários cidadãos norte-americanos nos últimos anos, acusados de espionagem, críticas ao exército russo, pequenos furtos e conflitos familiares.
Do lado diplomático, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, criticou o plano de Trump de criar o sistema antimíssil Gold Dome. “É uma posição perigosa que mina os pilares da estabilidade estratégica”, afirmou Zakharova. A porta-voz afirmou que o plano “é a expressão material da doutrina extremamente perigosa dos Estados Unidos de ataques preventivos”. Acrescentou que o sistema “procura dar um impulso adicional ao desenvolvimento de meios preventivos de ataques com mísseis”, segundo a agência de notícias russa TASS.
Também a Coreia do Norte, país aliado da Rússia, descreveu esta terça-feira o plano de Trump como uma “iniciativa ameaçadora” que pode desencadear “uma guerra nuclear no espaço”. Pyongyang disse que Washington procura com o novo sistema “ameaçar a segurança estratégica dos Estados com armas nucleares”, o que poderá “alimentar uma “corrida estratégica global ao armamento”. China considerou na semana passada que o plano de Trump poderá ser “uma violação dos princípios de utilização pacífica do Tratado do Espaço Exterior”.
Trump explicou anteriormente que o sistema de 175 mil milhões de dólares (154,1 mil milhões de euros, ao câmbio atual) será integrado nas atuais capacidades de defesa do país e deverá estar operacional em 2029. “Será capaz de intercetar mísseis, mesmo que sejam lançados do outro lado da Terra ou do espaço”, afirmou na altura, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.
Em janeiro, a Rússia comparou o plano ao projeto “Guerra das Estrelas” apoiado pelo presidente Ronald Reagan (1981-1989) durante a Guerra Fria, que previa a interceção de mísseis a partir da órbita terrestre, mas que nunca foi concretizado.
observador