Smart Waste Portugal celebra uma década

Este artigo é da responsabilidade da Associação Smart Waste Portugal (ASWP)

Num jantar no Palácio da Bolsa, no Porto, que contou com a presença do Secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, a Associação Smart Waste Portugal (ASWP) marcou uma década de colaboração em projetos de transformação circular da economia portuguesa. O décimo aniversário da associação foi celebrado esta terça-feira, dia 3 de junho, juntando representantes governamentais, académicos, e empresários das mais diversas cadeias de valor. “Resíduos são um recurso, são dinheiro”, afirmou Aires Pereira, Presidente da Direção da ASWP.
“10 anos a Colaborar para a Circularidade” foi o mote para uma noite em que se debateu a importância da economia circular no tecido empresarial português, numa altura em que as empresas transitam para modelos de negócio mais sustentáveis. No jantar comemorativo no Salão Árabe do Palácio da Bolsa, que juntou mais de 130 participantes, marcaram presença vários stakeholders com papéis de relevo na promoção da circularidade, em Portugal. A sessão de abertura contou com Nuno Botelho, Presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), Filipe Araújo, Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto, e Emídio Sousa, Secretário de Estado do Ambiente.

O pontapé de saída da celebração foi dado pelo anfitrião da noite, Nuno Botelho, que destacou o papel crucial da Associação Smart Waste Portugal na promoção de “uma estratégia de desenvolvimento sustentável” e o cumprimento de “metas ambientais mais ambiciosas”. O Presidente da ACP alertou ainda para a baixa taxa de circularidade em Portugal, de 2,8%, um valor que nos coloca como o quarto pior país da União Europeia. “A economia circular introduz uma visão de eficiência e qualidade na gestão dos recursos que é estruturante numa economia de meios de capital escasso como a nossa”, referiu.

Numa das salas mais nobres da Invicta, Filipe Araújo, Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto, aproveitou para fazer uma viagem ao passado da ASWP, referindo o “Estudo da Relevância e Impacto do Setor dos Resíduos em Portugal na Perspetiva de uma Economia Circular”, lançado em 2018, que deu azo à criação de uma entidade que reunisse “o conhecimento, a ciência, a prática, mas também uma responsabilidade partilhada ao nível dos resíduos”. Após abordar a importância das autarquias na transição da economia para um paradigma mais circular, o autarca portuense falou ainda de alguns desafios da atualidade, como Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU) e as ambiciosas metas de redução de deposição de resíduos em aterro. “A Smart Waste Portugal tem a capacidade de continuar a ser a força mobilizadora para implementação de soluções sustentáveis”, afirmou.
A sessão de boas-vindas terminou com a intervenção de Emídio Sousa que aproveitou a ocasião para deixar um pedido: “devemos deixar de falar em lixo, para falar de uma verdadeira indústria de recuperação de materiais”. O Secretário de Estado do Ambiente apontou que há muito trabalho por fazer, dada a “iminência do esgotamento dos nossos aterros em dois anos”, referindo também que “temos players no setor muito empenhados para resolver isso”. O plano TERRA (Transformação Eficiente de Resíduos em Recursos Naturais) foi também tema, sendo que Emídio Sousa garante que “o mais importante é percebermos que o resíduo não é lixo” e que “depois de usado o material pode ser recuperado”.
O estigma associado ao setor dos resíduos também foi abordado pelo Secretário de Estado do Ambiente, que defendeu serem necessários empregos bem remunerados nesta área e um grande envolvimento da academia para arranjar soluções circulares para os materiais. “O problema não é o plástico, mas sim o que fazemos com ele depois de o usar”, acrescentou como exemplo.

O jantar continuou com a intervenção de Aires Pereira, que em nome do tecido empresarial pediu ao Secretário de Estado que se aposte na desburocratização do setor dos resíduos. “Hoje perde-se muito tempo e dinheiro para encontrar soluções”, disse, acrescentando ainda a necessidade de encontrar soluções para os aterros, uma vez que a população já não aceita novas lixeiras. O Presidente da Direção da ASWP destacou o trabalho feito ao longo da última década para promover uma transformação da economia portuguesa, referindo que os “resíduos são um recurso, são dinheiro”, sendo por isso importante o trabalho de inspirar e influenciar que a Smart Waste Portugal tem realizado junto de todos os stakeholders.
“Os nossos associados representam, segundo dados de 2023, um volume de negócios de aproximadamente 47.500 milhões de euros, excluindo as associações. No total, são cerca de 200 mil colaboradores e 50% da nossa rede é composta por PMEs”, referiu Aires Pereira, apontando ainda para a grande diversidade da rede da ASWP, que inclui a indústria, distribuição, gestão de resíduos, consultoria, serviços, engenharia, universidades, associações e municípios. Destacaram-se os vários grupos de trabalho da Smart Waste Portugal, nas mais diversas áreas, especialmente o Pacto Português para os Plásticos, a Plataforma Vidro+ e o SWYP (Smart Waste Young Professionals). O Presidente da Direção anunciou ainda a grande novidade da noite: o lançamento da segunda temporada do Podcast “Vozes Circulares”, promovido pela ASWP em parceria com o Observador.
O evento incluiu também uma mesa-redonda dedicada à transformação circular das empresas. Moderada pela jornalista Rute Marinho, a conversa contou com António Rios de Amorim, Presidente e CEO da Corticeira Amorim, Rui Lopes Ferreira, CEO do Super Bock Group, e Sandra Silva, CEO da Veolia Portugal. A circularidade foi o tema central, tendo os oradores apontado diversos exemplos de projetos levados a cabo pelas suas empresas para fechar os ciclos dos produtos. Para isso, enfatizou-se a importância da Smart Waste Portugal na colaboração e promoção de parcerias capazes de gerar novas aplicações para diversos materiais. Abordaram-se ainda os desafios para o futuro, nomeadamente quais os fatores que podem estar a atrasar a transformação circular da economia.

Antes do cair do pano, Luísa Magalhães, Diretora Executiva da ASWP, subiu ao palco e apontou os próximos passos da associação. Desde o Cluster Portuguese Circularity, recentemente reconhecido pelo IAPMEI, até à plataforma myWaste, passando pelo projeto TransformEC, a presença na Expo Osaka 2025, a reativação de grupos de trabalho nas áreas do desperdício alimentar, construção, têxteis, papel/cartão, foram várias as novidades conhecidas neste evento exclusivo a parceiros. “Com a constituição do Cluster para a Economia circular, queremos ampliar o conhecimento, disponibilizando mais ferramentas às diversas entidades e, tendo em conta o know-how existente em Portugal, impulsionar a internacionalização do setor”, referiu, apresentando ainda várias iniciativas de comunicação que têm mantido os associados sempre atualizados sobre boas práticas, oportunidades e legislação no âmbito da sustentabilidade.
A noite terminou com toda a equipa no palco a brindar à associação e com a partilha de vários desejos para mais uma década de trabalho.
observador