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'Hoje, 26% da matriz energética residencial é lenha', diz CEO da Copa Energia

'Hoje, 26% da matriz energética residencial é lenha', diz CEO da Copa Energia

A Copagaz nasceu nos anos de 1950, em Mato Grosso do Sul, pelas mãos de Ueze Zahran. Mas foi só em 2020 que um antigo sonho se tornou realidade: a empresa comprou a gigante Liquigás, formando a Copa Energia, empresa que fatura hoje R$ 11,5 bilhões. "Meu avô (Ueze) queria fazer essa transação desde 1990. Tentamos comprá-la várias vezes, sem sucesso. Depois de muito esforço, tivemos êxito", conta Pedro João Zahran Turqueto, que assumiu como CEO da empresa em abril deste ano.

Na condição de dirigente de uma empresa familiar, Pedro João não tem dúvidas: companhias com esse tipo de gerência têm melhor desempenho. "Eu, nos meus investimentos pessoais, sempre olho quem são os controladores das empresas nas quais estou investindo o meu dinheiro", ressalta.

Ao Estadão, ele contou que o Brasil ainda tem um mercado de gás com capacidade muito grande de expansão. A razão é simples: 26% da população ainda tem como matriz energética... a lenha. "Com o Programa Gás para Todos, vamos conseguir atingir essa população", diz ele. A seguir, trechos da entrevista.

Pedro João Zahran Turqueto assumiu como CEO da Copa Energia em abril deste ano
Foto: Divulgação/Copa Energia / Estadão

Estou na empresa há cerca de dez anos, e a companhia era 100% familiar até 2020. Naquele ano, a gente passou a ter a Itaúsa como sócia, mas a família detém 48,5% da companhia. Posso dizer que é um negócio que é 24 (horas) por 7 (dias). Eu chego no fim de semana, a conversa na casa da minha avó na hora do almoço é em torno da empresa. Foi um negócio construído por meu avô, há 70 anos, faz parte da nossa história. Portanto, é uma enorme responsabilidade, temos um enorme carinho pelo o que a gente faz.

Como se formou a Copa Energia?

A Copagaz, que era a empresa da minha família lá em Mato Grosso do Sul, cresceu organicamente até 2020. Naquele ano, a gente adquiriu a Liquigás, que era quase o triplo do nosso tamanho. Meu avô queria fazer essa transação desde 1990. Tentamos comprá-la várias vezes, sem sucesso. Depois de muito esforço, tivemos êxito. A Copagaz sozinha faturava cerca de R$ 2,5 bilhões. Hoje, somos uma empresa de quase R$ 11,5 bilhões de faturamento.

Pelo menos 80% das empresas brasileiras são familiares. Você concorda com a tese de que uma empresa gerenciada por um grande acionista, familiar, dá melhores resultados?

Concordo 100%. E quando a gente estava procurando para comprar a Liquigás, sabíamos que iríamos precisar de um sócio, que não iríamos ter bolso para fazer o negócio sozinhos. Acho que um grande fator de decisão para optar pela Itaúsa é que ela também é uma holding controlada por famílias. Eu, nos meus investimentos pessoais, sempre olho quem são os controladores das empresas nas quais estou investindo o meu dinheiro.

Como você avalia o mercado de gás no País?

O mercado de distribuição de gás GLP tem muita resiliência. E ainda tem muito para a ser desenvolvido. Quando falamos em GLP, pensamos muito no gás de cozinha, no botijão de gás. Mas, no Brasil, ainda boa parte da população consome lenha. Quando olhamos a matriz energética residencial brasileira, cerca de 50% correspondem à energia elétrica, 24% ao GLP e 26% à lenha. Quando falamos em famílias que consomem lenha, cerca de 9% dessas famílias não têm outra fonte de energia. E mais de 12% das famílias, às vezes, consomem GLP, às vezes consomem lenha, a depender do dinheiro que têm ali no mês.

Há planos para mudar isso?

O governo tem se sensibilizado com o tema. Com o Programa Gás para Todos, e o setor é superfavorável, vamos conseguir atingir essa população que hoje consome lenha. Mas falamos em gás de cozinha, mas não é só o gás de cozinha. O GLP serve para muitos outros fins, como para as indústrias.

Quem consome hoje no setor industrial?

Vamos desde o pequeno empresário, um dono de uma padaria, um dono de uma borracharia, a uma grande indústria. Mas, ainda assim, é o pequeno empresário que está consumindo o GLP. Temos feito a defesa para expandir o uso por grandes empresas, pois houve uma restrição que vem desde a Guerra do Golfo (1990-1991). Podemos ter mais GLP na nossa matriz energética.

Há projeções de como pode ficar esse mercado?

Temos análises internas que apontam para um crescimento substancial, mas é preciso entender que isso não vai ocorrer em um piscar de olhos. Primeiro, teremos de ter infraestrutura e, segundo, convencer os clientes que estão utilizando diesel, óleo pesado ou outros energéticos, a migrar para o GLP. Não é uma conversa fácil. De qualquer forma, podemos aumentar a distribuição de 500 mil para 1 milhão de toneladas de gás. Hoje, o Brasil consome 7,5 milhões de toneladas. Podemos chegar a até 8,5 milhões.

Para onde você olha hoje para basear suas decisões de futuro?

Posso dizer que é um ato meio de fé e coragem, porque as decisões são baseadas nas premissas que temos na mão. Hoje, entramos em 30 milhões de residências. Também atendo a 40 mil empresas. Então, acredito que posso entregar energéticos diferentes para os meus clientes. Se meu cliente quer um produto mais verde, posso entregar biometano. Se no futuro a dona de casa não quiser um combustível fóssil, estamos fazendo pesquisa em desenvolvimento para produzir o gás de cozinha de origem renovável. O que é preciso lembrar sempre é que nossos grandes ativos são as marcas fortes e a relação muito próxima com os nossos consumidores.

Vocês pensam em fazer parcerias e distribuir, com o botijão de gás, mais algum outro produto?

Na média, no Brasil, o tempo entre você pedir um botijão de gás e eu entregá-lo na sua casa é de 17 minutos. Dezessete minutos para um produto que pesa 30 quilos. Costumamos dizer que chegamos onde os Correios não chegam. Quando a gente fala em vender outros itens, sempre penso: imagina perder o principal produto. E, em meus ativos, o que mais eu poderia entregar? Se meu revendedor perde um, dois, três minutos tentando entregar qualquer outro produto que não seja o botijão de gás, complica. Posso dizer que vai existir uma certa diversificação, mas achar que eu vou entregar uma pasta de dente, um tênis, não.

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