Analistas projetam subida do yuan face ao dólar perante receio com dívida norte-americana

O otimismo do mercado em relação à moeda chinesa continua a aumentar, com analistas a projetarem uma valorização do yuan face ao dólar norte-americano, impulsionada pelas crescentes preocupações com a sustentabilidade da dívida norte-americana.
O Banco Popular da China (banco central) fixou hoje a taxa de referência diária em 7,1534 yuans por dólar, uma valorização face à taxa de segunda-feira, de 7,1656, e o nível mais forte desde o início de novembro.
Em junho, o yuan transacionado no mercado interno (onshore) valorizou-se 0,41% face ao dólar, acumulando ganhos de 1,2% no segundo trimestre e 1,86% no primeiro semestre do ano.
“Comparando com o final de abril, os clientes no mercado interno estão menos pessimistas em relação às perspetivas de crescimento da China a curto prazo, uma vez que os dados macroeconómicos têm sido mais resistentes do que o inicialmente temido, apesar da divergência significativa entre as exportações e a procura doméstica”, escreveu o analista do banco de investimento Goldman Sachs, Lisheng Wang, num relatório divulgado no domingo.
Os investidores estão cada vez mais preocupados com a sustentabilidade da dívida pública dos EUA, antecipando uma desvalorização do dólar devido à diminuição da confiança na governação do país, às políticas fiscais expansionistas e ao aumento dos custos de financiamento a longo prazo, acrescentou Wang.
O banco de investimento norte-americano prevê que o yuan continue a fortalecer-se, baixando da barreira dos 7 por cada dólar nos próximos seis meses.
A moeda chinesa registou uma volatilidade significativa este ano, caindo para o seu nível mais fraco (7,3506) em 09 de abril, quando as tarifas comerciais entre a China e os EUA se intensificaram.
O yuan começou a recuperar após o cessar-fogo comercial entre os dois países e os progressos nas negociações realizadas em Londres no mês passado. No primeiro semestre, a amplitude total de negociação da moeda chinesa foi de cerca de 2,6%.
Wang destacou que o sentimento no mercado interno está a melhorar, com expectativas de que as negociações China-EUA ajudem a sustentar as exportações chinesas no segundo semestre.
A Citic Securities, uma das principais corretoras chinesas, afirmou que o yuan se manteve relativamente estável desde junho, num contexto de enfraquecimento do dólar.
O estreitamento da diferença entre a taxa central de paridade oficial, a cotação ‘onshore’ e a cotação ‘offshore’ reduziu a pressão sobre o banco central para intervir no mercado cambial, disse a corretora num relatório difundido na sexta-feira, prevendo que o yuan deverá manter-se num estado de baixa volatilidade a curto prazo.
Embora as tarifas norte-americanas sobre produtos chineses continuem a pressionar as exportações, a taxa de câmbio do yuan dependerá sobretudo do apoio político interno – especialmente ao consumo – e dos avanços nas negociações comerciais entre a China e os EUA, concluiu o banco de investimento.
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