Correios precisam de corte de gastos e aumento de receitas, diz ministra

A ministra Esther Dweck, da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), afirmou que os Correios precisam cortar gastos e aumentar as receitas para reduzir o prejuízo que vem sofrendo desde 2024. A estatal registrou perdas de R$ 2,6 bilhões no ano passado, quatro vezes mais do que no ano anterior.
Os sucessivos prejuízos, entre outros motivos causados pela chamada “taxa das blusinhas”, que passou a incidir sobre as importações de até US$ 50 e espantou consumidores, levaram à demissão do presidente da estatal, Fabiano Silva, na última sexta (4). A estatal também perdeu espaço para outras empresas de logística, o que agravou a crise financeira.
“Tem de cortar custos de um lado e buscar receita de outro. Essa é a solução para os Correios, e num setor que está passando por transformação. [...] Os Correios deixaram de ter o monopólio sobre o setor de entregas, mas continuaram com as obrigações de universalização do serviço, de estar em todos os municípios do país”, disse a ministra em entrevista ao Estadão publicada nesta quarta (9).
De acordo com ela, essa lógica fazia sentido há 30 anos, mas que essa conta “hoje, não [fecha] mais”. A ministra responsável pela governança das estatais afirma que os Correios eram muito fortes nas entregas internacionais, principalmente durante a pandemia. No entanto, isso mudou após a taxação.
“A empresa era muito forte nas entregas internacionais, que bombaram com a pandemia. Ele ganhou muito, até meados de 2024. Tinha 98% do monopólio de entrega de remessa internacional. Mas perdeu isso quando consertamos a taxação das remessas internacionais”, afirmou.
Ela, no entanto, evitou comentar a demissão de Silva da estatal, afirmando que foi uma “decisão pessoal” dele.
Os Correios vêm registrando prejuízos desde 2022, quando fechou as contas com um rombo de R$ 767 milhões. Esse montante diminuiu em 2023 para R$ 596 milhões, até disparar em 2024. Apenas neste ano, o prejuízo já soma R$ 1,72 bilhão.
A estatal informou, em nota, que segue comprometida com a “retomada do equilíbrio econômico-financeiro”, e que uma meta de reduzir os gastos em R$ 1,5 bilhão neste ano. Uma das iniciativas para gerar receita, diz, é a plataforma de marketplace Mais Correios, que entrou em operação no começo deste mês.
“Os Correios estão repensando suas atividades. Lançaram o marketplace, estão aumentando suas funções para ser empresa de logística, na área de saúde, educação, por exemplo. Principalmente saúde, pode ser entregador de remédios, vacinas”, completou a ministra.
Dweck também defendeu a proposta do governo federal que permite retirar do Orçamento da União empresas estatais que sejam dependentes do Tesouro Nacional, uma medida que visa liberar espaço no arcabouço fiscal para investimentos das próprias estatais.
A proposta atual exige que a estatal consiga cobrir pelo menos 40% de suas despesas operacionais com receita própria e tenha um plano de reestruturação aprovado por diferentes instâncias administrativas, incluindo o conselho da empresa, o ministério supervisor e o próprio MGI.
“A empresa precisa bancar no mínimo 40% das suas despesas operacionais com a sua receita atual e ter um plano que demonstre que ela vai sair”, completou Dweck.
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