Green Bonds podem ser opção a portos que desejem alavancar seus investimentos em sustentabilidade

Os green bonds surgiram em 2008, movidos pela necessidade de financiamento de projetos que impactassem a economia de baixo carbono, buscando a transição de fontes de energia fóssil para aquelas de energia renovável.
A partir de 2015, essa iniciativa ganhou força ao redor do mundo com o respaldo do Acordo de Paris, mas, com o passar dos anos, ficou evidente que a adoção de medidas para viabilizar uma economia sustentável teria como contrapartida elevados investimentos de diversos setores. Portanto, medidas que viabilizem a financiabilidade desses projetos são essenciais.
No setor portuário não é diferente: a urgência pela transição energética e o compromisso dos terminais privados em assumir a vanguarda de medidas de impacto sustentável exigem investimentos robustos. Os green bonds surgem, então, como uma das ferramentas que buscam viabilizar o desenvolvimento de tecnologias de produção mais sustentáveis, podendo ser emitidos por bancos, empresas e pelo próprio Tesouro Nacional.
Os investidores que compram os títulos podem, além de diversificar a carteira, acessar uma dívida com impacto positivo. Já para as empresas emissoras, esses títulos podem representar significativa propulsão para iniciativas de sustentabilidade, além de valorizar sua reputação.
A certificação do título é realizada por instituições que têm o papel de atestar o alinhamento dos projetos aos "princípios dos Green Bonds", estabelecidos pela International Capital Market Association (ICMA).
Em 2024, a emissão mundial de títulos verdes atingiu US$ 461 bilhões, totalizando 1.260 emissões. Esse número é ainda maior quando se fala em títulos sustentáveis de forma mais ampla, como Sustainability e Social Bonds.
No Brasil, os primeiros registros das emissões são de 2015 e somam cerca de US$ 31 bilhões em títulos sustentáveis no mercado externo. Só em 2024 o Brasil emitiu mais de US$ 6,55 bilhões em títulos verdes, sendo US$ 2 bilhões pelo Tesouro e US$ 4,55 bilhões por empresas e bancos.
No setor de infraestrutura, podemos citar o caso da empresa Suzano S.A, que, nos anos de 2016 e 2017 no mercado de capitais americano, e 2024 no mercado chinês, emitiu aproximadamente US$ 1,6 bilhão em green bonds, além de outros títulos ligados à sustentabilidade.
Considerando a pujança do setor portuário brasileiro, que movimentou 1,32 bilhão de toneladas de cargas em 2024, refletindo o crescimento de 1,2% em comparação com o ano anterior, essa agenda verde traz um grande potencial para sermos referência na emissão de green bonds, tornando esses títulos uma interessante opção às instalações portuárias que desejem alavancar seus investimentos em projetos sustentáveis e ocupar posição estratégica no mercado nacional e internacional.
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