Inflação sobe 0,24% em junho e Galípolo terá de se explicar a Haddad por estouro da meta

A inflação do país no mês de junho teve uma alta de 0,24% provocada principalmente pelo aumento da energia elétrica residencial, de acordo com dados do IBGE divulgados nesta quinta (10). O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado como indicador oficial, subiu pela retomada da bandeira tarifária vermelha nas contas de luz, com um impacto de 2,96% no mês.
O aumento da inflação fez o acumulado de 12 meses alcançar os 5,35%, estourando o teto da meta de 4,5% definida pelo governo. Isso levará o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a escrever uma carta ao ministro Fernando Haddad, da Fazenda, para explicar os motivos da alta e o que será feito. Do começo do ano até agora, o acumulado é de 2,99%.
“Com alta de 6,93% no primeiro semestre do ano, a energia elétrica residencial tem pesado no bolso das famílias, registrando o principal impacto positivo individual (0,27 p.p.) no resultado acumulado de 2025. Esta variação é a maior para um primeiro semestre desde 2018, quando foi de 8,02%”, explicou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.
A tarifa extra de R$ 4,46 a cada 100 kWh nas contas de luz fez o item de Habitação ter o maior peso na inflação do mês (0,99%), seguido pelo Vestuário (0,75%), Transportes (0,27%) e Despesas pessoais (0,23%).
Já a Alimentação, que foi o maior vilão nos primeiros meses deste ano, fechou com uma queda de 0,18%, único grupo dos nove pesquisados pelo IBGE que teve resultado negativo em junho. Ao todo, foram nove meses consecutivos que os brasileiros sentiram um peso maior no bolso ao irem aos supermercados.
De acordo com o IBGE, as principais quedas no mês foram do ovo de galinha (-6,58%), do arroz (-3,23%) e das frutas (-2,22%). Por outro lado, o tomate voltou à lista dos alimentos mais caros, com uma alta de 3,25%.
“Se tirássemos os alimentos do cálculo do IPCA, a inflação do mês seria de 0,36%. E se tirássemos a energia elétrica, ficaria em 0,13”, pontuou Gonçalves.
O instituto citou que a alimentação no domicílio em geral teve uma queda de 0,43% em junho, ao contrário das refeições fora de casa, que subiram 0,46% no mês.
O estouro da meta de inflação em 12 meses faz com que Galípolo se explique novamente a Haddad sobre os motivos que levaram a este resultado. Será a segunda vez que ele fará a comunicação como presidente do Banco Central. A expectativa é de que o comunicado seja divulgado às 18h.
“Nós todos do Copom (Comitê de Política Monetária) estamos bastante incomodados. [...] Já tenho esse começo que me incomoda demais na minha gestão de, em seis meses, ter que escrever a segunda carta de descumprimento da meta”, disse Galípolo em uma audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados na quarta (9).
gazetadopovo