Major-general pondera candidatura e pisca o olho ao Chega

O nome de Gouveia e Melo sempre foi pouco consensual dentro do Chega, com o próprio André Ventura a admitir publicamente que não era “absolutamente unânime“. E se é verdade que o líder do Chega disse ter uma “boa opinião” relativamente ao almirante, também é verdade que a forma como Gouveia e Melo se foi demarcando publicamente do partido foi um gatilho suficiente para que Ventura tomasse uma decisão: o Chega quer ter um candidato próprio a Belém.
Mas o contexto político mudou profundamente desde essa eleição. Com a queda do Governo, novas eleições e a consagração de André Ventura como líder da oposição, o presidente do partido acabou por reconhecer, mesmo sem retirar definitivamente a candidatura, que está focado nesse papel e no Parlamento. Ao que tudo indica, será preciso encontrar uma alternativa a Ventura — e é aí que pode entrar a solução Isidro Morais Pereira.
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O nome do major-general chegou aos ouvidos do Chega nos últimos tempos e, sabe o Observador, o partido aceitou uma reunião com Isidro Morais Pereira para o início do mês de julho. Diogo Pacheco Amorim e Ricardo Dias Pinto vão conversar com o possível candidato a Belém, sendo que uma próxima reunião com André Ventura só deverá acontecer mais à frente, caso o partido considere viável a hipótese e quando o processo estiver noutro estágio de maturação.
Ainda que a opção de apoiar um militar seja positiva para o eleitorado do Chega — mais ainda quando Gouveia e Melo se afastou e altos dirigentes do partido vão assumindo que não faz qualquer sentido dar apoio a alguém que não o quer e que até passou a ostracizar o Chega —, Ventura poderá ter dificuldades em apoiar um militar que não tenha hipóteses sérias de disputar as eleições — é preciso ainda testar a verdadeira popularidade de Isidro Morais Pereira.
Com um novo militar em campo, Ventura passaria a ter nas mãos uma solução para alguns problemas: não sendo ideal ir a eleições nesta fase em que o Chega precisa de se focar na liderança da oposição, tinha um candidato para apoiar, não ficava fora da corrida e até a questão do mediatismo poderia ser menos um problema, tendo em conta que o major-general é presença assídua nos espaços de comentário — na CNN Portugal e também no programa “Gabinete de Guerra” da rádio Observador.
Por outro lado, e ao contrário de Gouveia e Melo, Isidro Morais Pereira está disponível para receber o apoio do Chega, recusando-se a colocar de parte o partido, assumindo que teria obviamente outro “conforto” em ir às urnas com o apoio de um partido que nas últimas eleições legislativas teve mais de um milhão de votos.
observador