Queda do dólar reflete esmorecimento do excepcionalismo americano, considera analista

“A aprovação ontem da ‘Big Beautiful Bill’ pelo Senado norte-americano poderá ser mais um passo para agravar os desequilíbrios fiscais da maior economia do mundo e contribuir para um maior afastamento dos investidores em relação aos ativos dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, as expetativas de cortes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal norte-americana (Fed) a curto prazo continuam a penalizar o dólar, aumentando a pressão descendente sobre a moeda”, defende o CEO da ActivTrades Europa, Ricardo Evangelista.
O CEO da ActivTrades Europa, Ricardo Evangelista, defende que a queda do dólar, que já perdeu 12% do seu valor desde o início do ano face ao euro, está a refletir o “esmorecimento do chamado excepcionalismo americano”.
“Neste contexto, a aprovação ontem da ‘Big Beautiful Bill’ (proposta orçamental norte-americana) pelo Senado norte-americano poderá ser mais um passo para agravar os desequilíbrios fiscais da maior economia do mundo e contribuir para um maior afastamento dos investidores em relação aos ativos dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, as expetativas de cortes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal norte-americana (Fed) a curto prazo continuam a penalizar o dólar, aumentando a pressão descendente sobre a moeda”, defende Ricardo Evangelista.
Esta quarta-feira, o euro está a cair 0,30% face ao dólar, situando-se nos 1,17689 dólares.
A Casa Branca, referindo-se à aprovação pelo Senado da ‘Big Beautiful Bill’, considerou que o Senado conseguiu uma “vitória retumbante” para os trabalhadores americanos, agricultores e pequenos negócios.
É ainda mencionado pela Casa Branca que a ‘Big Beautiful Bill’ é um “pacote legislativo” que assegura um “histórico alívio fiscal, entrega segurança na fronteira, reforma da segurança social e financia infraestruturas críticas”.
O Congressional Budget Office estima que a ‘Big Beautiful Bill’ venha a adicionar 3,3 biliões de dólares ao défice federal nos próximos 10 anos, salienta a BBC.
O canal britânico assinala que foram adicionadas mais restrições e requisitos para aceder ao programa de saúde Medicaid, uma ferramenta direcionada a pessoas com rendimentos baixos e que sofrem de algum tipo de deficiência.
O documento aumenta o limite de dedução para impostos estaduais e locais. Estava fixado em 10 mil dólares o limite que os contribuintes podem deduzir do valor devido em impostos federais, um limite que expirava este ano. O Senado aprovou o aumento do limite de 10 mil para 40 mil dólares, mas, ao fim de cinco anos, o valor regressa para os 10 mil dólares.
Foi aprovada também a eliminação gradual dos créditos fiscais para a energia limpa, um aspeto da ‘Big Beautiful Bill’ que tem afetado o desempenho das empresas energéticas cotadas na Bolsa de Lisboa. Com a aprovação do documento no Senado norte-americano, as empresas que começarem a construir este ano podem beneficiar na totalidade desses créditos. Contudo, se a construção se iniciar em 2026, o apoio desce para 60%, e se for em 2027, o valor cai para 20%. Os incentivos desaparecerão em 2028, assinala a BBC.
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