Sócrates diz "ter náusea" do MP

A entrevista do procurador-geral da República ao Observador levou José Sócrates a emitir um “breve comunicado” para contestar as críticas de Amadeu Guerra à lentidão na tramitação judicial dos autos da Operação Marquês.
Afirmando que o caso contra Sócrates “começou em 2013”, teve acusação em 2017 e, “para espanto nosso, e meu, passaram oito anos e ainda não passámos desta fase”, Amadeu Guerra fez questão de criticar a “ineficiência geral” do poder judicial na tramitação destes autos. E acrescentou em tom irónico: “o eng. José Sócrates sempre disse que queria ser julgado neste processo para provar a sua inocência. Acho que devemos dar essa oportunidade ao eng. José Sócrates para provar a sua inocência.”
Em comunicado, o ex-primeiro-ministro recorre igualmente à ironia para dizer: “alívio para todos. O Estado já não precisa de provar as acusações que faz – é o visado que deve provar a sua inocência”, afirma.
“Quando o senhor procurador geral fala sentimos imediatamente a lei a ser escrita: o ónus da prova é agora do cidadão, não do Estado. Não há recurso das declarações do Ministério Público. Só náusea”, conclui.
Recorde-se que o início do julgamento da Operação Marquês está marcado para o próximo dia 3 de julho, no Campus de Justiça, em Lisboa.
O ex-primeiro-ministro José Sócrates vai a julgamento por 22 crimes, sendo que três são de corrupção, seis são de fraude fiscal e 13 são de branqueamento de capitais. Há mais 20 arguidos que serão julgados, destacando-se, entre outros, nomes como Carlos Santos Silva (melhor amigo de Sócrates), Ricardo Salgado (ex-presidente executivo do BES), Armando Vara (ex-ministro adjunto de António Guterres), Zeinal Bava (ex-CEO da Portugal Telecom) e Henrique Granadeiro (ex-chairman da Portugal Telecom).
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